A Santa Casa de São Carlos participa nesta terça-feira (19), às 16h30, da campanha “Chega de Silêncio”, da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB). No ato, a instituição vai ganhar um abraço simbólico, em reconhecimento aos serviços prestados aos 400 mil habitantes da região de São Carlos.
Ao todo, 1.824 instituições de todo Brasil estarão unidas nesse dia para alertar à sociedade para a grave crise financeira da maior rede hospitalar do SUS e pedir ajuda para a sustentabilidade das instituições. Na região, participam do ato a Santa Casa de Araraquara e o Hospital “Carlos Fernando Malzoni”, de Matão.
A mobilização tem como objetivo o pedido de socorro e de recursos para a sobrevivência e manutenção dos atendimentos. O subfinanciamento da remuneração dos serviços SUS, que é abaixo do custo, é a principal causa da crise e do endividamento dessas instituições.
Assim como tantas outras instituições no país, a Santa Casa são-carlense enfrenta déficit financeiro nas operações SUS. São R$ 2 milhões anuais, segundo cálculos da instituição.
“O nosso hospital atende cerca de 400 mil habitantes de São Carlos e outras 5 cidades [Porto Ferreira, Descalvado, Dourado, Ibaté e Ribeirão Bonito]. Pacientes que dependem dos serviços prestados pela Santa Casa, que é um hospital privado e filantrópico. Sem a destinação de recursos como ficará a situação dessas pessoas atualmente atendidas aqui?” – destaca o provedor Antônio Valério Morillas Júnior.
Desde o início do Plano Real, em 1994, a tabela SUS e seus incentivos foi reajustada, em 93,77%, enquanto o INPC (índice de preços ao consumidor) foi de 636,07%, o salário mínimo em 1597,79%, o gás de cozinha em 2.415,94%, dados da CMB. “Este descompasso brutal representa R$ 10,9 bilhões por ano de desequilíbrio econômico e financeiro na prestação de serviço ao SUS, de todo o segmento. Desta forma se não houver políticas imediatas, consistentes, de subsistência para estes hospitais, dificilmente nossas portas se manterão abertas e a desassistência da população é fatal” – afirma o presidente da CMB, Mirocles Véras.
O diretor-geral da Santa Casa de Araraquara, Rogério Bartkevicius, explica que a crise que o hospital atravessa é exclusivamente financeira. “Essa questão com o SUS, é um problema da saúde pública e que impacta a maioria das Santas Casas do país”. De acordo com ele, a pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a situação, isso somado a fatores, como a alta nos custos de insumos hospitalares.
“O gasto mensal com medicamentos e materiais médicos aumentou, respectivamente, em média, 45% e 65% em relação aos valores praticados antes da pandemia de Covid-19. A indisponibilidade de remédio, como a Dipirona, por exemplo, que antes eram adquiridos por R$ 0,74 a unidade, hoje é comprado por R$ 6,80”, ressalta Rogério.
Já o Hospital “Carlos Fernando Malzoni” (HCFM) de Matão também enfrenta dificuldades financeiras devido ao subfinanciamento da tabela SUS. Por exemplo, o SUS paga R$ 37,95 por uma ultrassonografia, R$ 10,00 por uma consulta médica, R$ 4,11 por um hemograma completo, valores muito abaixo do que os hospitais gastam na realidade. A pandemia também impactou o HCFM com o aumento do uso de medicamentos e insumos hospitalares. Os preços de Epis, equipamentos de proteção individual, dispararam.
Para Denise Minelli, superintendente do HCFM, “sem os nossos hospitais, a saúde da população da região ficará extremamente comprometida. Para que continuemos sendo o principal parceiro do SUS, precisamos da atualização urgente da tabela de remuneração”.
O subfinanciamento do SUS é um problema de saúde pública que causou, nos últimos seis anos, o fechamento de 315 hospitais e o fechamento de mais de 7.000 leitos.
O objetivo desse abraço simbólico é sensibilizar toda a sociedade para que apoie essas instituições que cuidam e salvam vidas e que precisam ter sustentabilidade econômica e financeira para continuar a oferecer serviços de saúde a todos os usuários do Sistema Único de Saúde.