Casos de estelionato estão se tornando cada vez mais frequentes em São Carlos (SP). Por dia, ao menos um boletim de ocorrência é registrado no plantão policial.
Os relatos são semelhantes: compra pela internet com pagamento antecipado onde o vendedor some depois de receber o Pix, leilões de veículos de donos fictícios, ligações de agências bancárias para retirada de cartões direto na casa do cliente. São inúmeros tipos de crime com a mesma finalidade.
Para o delegado assistente da Seccional de São Carlos, Geraldo Sousa Filho, é um tipo de crime que sofre modificações com o tempo, mas que depois de um tempo se torna rotineiro.
Uma das estratégias mais usadas pelos estelionatários, segundo o delegado, é provocar a ganância das vítimas, além de apelar para o imediatismo. O dinheiro nem sempre vai para a conta do golpista, são as chamas “contas de laranja”.
“O criminoso saca o dinheiro da vítima sem que ela possa recuperá-lo. Na hora de encaminhar algum valor para alguém, cheque o site, verifique se o site é verdadeiro, porque existem muitos sites falsos que se faz um espelhamento de um site verdadeiro e a vítima acha que está tratando, por exemplo, com uma empresa de nome respeitado no mercado, mas ela está tratando um estelionatário. Nunca faça nenhum negócio de forma rápida, sem pensar, sem colocar no papel se aquilo realmente é vantajoso”, disse.
O delegado também alerta para outro tipo de golpe que se tornou mais frequente nas últimas semanas: a falsa clonagem de cartão. “Uma instituição séria não manda emissários para a casa da vítima. Essa situação da vítima receber a visita de um emissário para pegar cartão, pegar dados, já é quase certeza que a vítima está em um golpe”, disse.
Em 2019 foram registrados 424 casos desse tipo de golpe na cidade. Em 2020, do início de novembro a 21 de dezembro do ano passado, foram 54 contra 43 no mesmo período de 2019, um aumento de 26%.
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Dica de especialista
Para Kalinca Castelo Branco, especialista em segurança e professora doutora do Departamento de Sistemas de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), é necessário pesquisar a veracidade do site antes da compra.
“O que a gente sempre aconselha é que, como as pessoas vão fazendo compras pela internet, que verifiquem se o site ou empresa que está comprando é uma empresa verdadeira. A gente nunca aconselha a pessoa a clicar em links que venham por alguma rede social. Sempre entre na loja oficial e efetue a compra com a loja, e sempre olhe se essa é a loja em que está habituada a comprar. Se você não conhece a loja e tem dúvidas, existe uma lista de sites e empresas que já são problemáticas no próprio Procon”, disse.
De acordo com Kalinka, as chances para recuperar o dinheiro perdido são mínimas. “Em geral, é bem difícil reverter esse pagamento que foi feito. Mesmo sendo identificado na conta para ser enviado, muitas vezes essas contas são contas que não tem pessoas de verdade. Dessa conta é passada para outras e outras, então esse rastreio é bem complexo. Dificilmente você vai ter o dinheiro de volta, você pode entrar, tentar processar a empresa ou o link que achou, informar ao Procon, mas é difícil, e por isso a gente sempre pede para prestarem bastante cuidado”, explicou.
O consumidor que se sentir lesado pode registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil e/ou uma reclamação no Espaço do Consumidor, no site do Procon-SP.