Com a suspensão das castrações gratuitas em animais em São Carlos (SP) devido à pandemia de Covid-19, entidades de defesa dos animais e cuidadores relatam dificuldades em manter os cuidados e explicam o impacto gerado pela falta do serviço.
A grande quantidade de animais nas ruas das cidades ainda é um problema sem solução. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), só no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo 10 milhões de gatos e os outros 20 milhões de cães.
Para tentar resolver esse problema, muitos municípios realizam o serviço de castração animal. Em São Carlos (SP), a medida é oferecida através de agendamento prévio e executava na sessão de atendimento técnico e fiscalização do canil municipal, que fica na região da Água Fria. Em média, 150 a 180 animais são castrados mensalmente.
No entanto, com a pandemia, o serviço gratuito precisou ser suspenso. O principal problema, segundo o diretor do departamento de defesa animal Fernando Mangani, é a falta de profissional devido aos afastamentos atuais.
“Com essa situação de pandemia, nós tivemos dois afastamentos de médicos veterinários do departamento, o que ocasionou uma redistribuição dos veterinários que trabalham, teve uma redução de 50% no quadro, dos veterinários que estão trabalhando estão atendendo todas as pessoas do departamento, então a castração está suspensa até que se retorne a normalidade na questão da pandemia”, disse.
A situação virou motivo de extrema preocupação entre as instituições protetoras de animais da cidade, já que a castração é fundamental para a diminuição dos animais de rua.
Para Kamila Guimarães, presidente da ONG Santuário Luz dos Bichos, entidade que surgiu há um ano e já resgatou 100 animais das rua, a atuação do canil municipal é fundamental para manter o controle população de cães e gatos.
“A gente vem gastando demais com castração, então a gente tem que pensar no dinheiro que gastamos, se a gente destina para animais doentes ou para castração porque ambos somos fundamentais. A gente não pode deixar de socorrer, mas a gente tem que continuar esse controle para poder dar conta”, disse.
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A protetora independente do Clube dos Patinhas, Dora Soares de Oliveira, também se sente frustrada com a situação. Ela atende principalmente os animais do Jardim Zavaglia e relatou que o abandono dos animais aumentou muito na pandemia.
“As castrações eram agendadas no dia 1º de todos os meses, mas depois foram mudando as datas e com a pandemia dificultou muito. Vários animais estão precisando de castração, mas a gente liga no canil municipal e falam sempre a mesma coisa, que não sabem quando vai voltar”, disse.
Ela comenta que desde janeiro as castrações foram suspensas, o que prejudica muito o cuidado com os bichinhos, e pede por uma resposta urgente da administração municipal.
“Estamos cansados já dessa situação, estamos fazendo rifas pra custear castração, mas é obrigação da prefeitura porque é questão de saúde pública. Os animais são os mais prejudicados, o abandono aumentou e sem a castração não temos controle”, comentou.
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O que será feito?
De acordo com Fernando Magnani, a prefeitura entende que esse é um serviço essencial para a população e que, por isso, está tentando solucionar a questão com outras alternativas.
“Estamos buscando um acordo de cooperação técnica com hospitais veterinários das universidades da cidade, também fazer um processo de licitação para compra dos serviço, para que tenhamos um volume de castração que atenda a demanda tanto dos protetores quanto dos serviços de fiscalização municipal”, explicou.
O diretor do departamento também salientou que a parceria com os hospitais veterinários deve ser concluída nos próximos dias. Sobre a licitação, Magnagi explicou que demora um pouco mais, mas que a cidade deve ter um retorno nos próximos meses.