O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) desenvolveu um dispositivo portátil que pode abrir caminho para o tratamento do câncer de pele, procedimento esse que pode ser realizado pelos próprios pacientes em suas residências.
Através de um estudo ousado e inovador, o novo dispositivo portátil, do tamanho de uma moeda, destina-se ao tratamento do carcinoma basocelular, um tipo de câncer de pele, com base em Terapia Fotodinâmica (TFD), e que pode ser utilizado pelos pacientes em suas residências, evitando exaustivas viagens e longas permanências nos hospitais.
O estudo e as pesquisas foram feitos por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (SP), e contaram com a participação de quinze pacientes voluntários, cujos resultados foram apresentados no início de outubro, de forma virtual, durante o 30º Congresso da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia.
O estudo relata a abordagem experimental da nota terapia realizada no Hospital Amaral Carvalho, com o equipamento desenvolvido pelo IFSC/USP, cujo protocolo foi batizado de “PDT Home”.
O procedimento incluiu a curetagem uma pequena raspagem na lesão, tendo sido aplicado nela um creme dermatológico, seguindo-se a iluminação através de um equipamento padrão (Lince) de LED de luz vermelha, por vinte minutos. Após o tratamento na clínica, o paciente recebe nova camada de fármaco e tem colocado no local no irradiador portátil de LED. O restante da terapia é feito em casa, com “aplicação” de luz por duas horas. A sessão é única e o paciente retorna ao hospital depois de um mês para exames de avaliação, segundo os pesquisadores.
Comparação com anteriores protocolos
Frente ao protocolo anterior, o novo tratamento de câncer de pele traz mais conforto para os pacientes. Antes, a irradiação emitida pelo equipamento tradicional era mais forte e causava dores. Agora, o dispositivo portátil tem a vantagem de emitir luz mais fraca, mas aplicada por maior período de tempo, no conforto de casa.
Os benefícios deste novo protocolo são enormes em todos os sentidos: para o paciente, que sente muito menos dores durante o tratamento, podendo fazer o mesmo em casa, sem viajar horas seguidas e permanecer longos períodos de tempo no hospital, como para os próprios estabelecimentos de saúde, que ficam com o pessoal médico mais disponível para atender casos de urgência, além de evitarem aglomerações de espera.
A pesquisadora Ana Gabriela Salvio, do Hospital Amaral Carvalho e principal autora deste estudo, relatou à revista Medical Life Sciences, do Reino Unido, que ”
É realmente muito encorajador constatar que os pacientes relataram níveis muito mais baixos de dor com o tratamento em casa”.
Após estudo piloto, um ensaio clínico com mais de 200 participantes foi já aprovado, atendendo a que este novo protocolo poderá ter um impacto extremamente positivo no tratamento do carcinoma basocelular no mundo.
O carcinoma basocelular é o tipo de câncer de pele mais comum, representando cerca de 95% de todos os casos de câncer de pele. É mais comum após os 40 anos, especialmente em pessoas de pele clara, cabelos loiros e olhos claros, que se expõem excessivamente ao sol: no entanto, o carcinoma basocelular pode aparecer em qualquer idade.