Cientistas de São Carlos e da França desenvolveram um filme biodegradável com propriedades antimicrobianas e antioxidantes.
O novo composto usa gelatina, conhecido pó versátil com amplo uso na indústria, reforçado com nanocristais de celulose.
Como método de fabricação, os cientistas da Embrapa Instrumentação e da UFSCar em parceria com pesquisadores da Universidade de Grenoble Alpes, da França, usaram o “casting contínuo”. Essa formatação de laminação tem uso disseminado na indústria e traz baixo custo e permite o uso de soluções ou dispersões à base de água, sem a utilização de aditivos no processamento.
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“Essas características são bastante desejáveis, principalmente, quando se considera passar um processo realizado em laboratório para a escala industrial. A produção de filme é realizada em uma linha de revestimento, como uma máquina de laminação”, afirma a química Liliane Samara Ferreira Leite que desenvolveu a pesquisa para a obtenção do título de doutora em Ciência e Engenharia de Materiais pela UFSCar.
Apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), parte do estudo foi desenvolvida na Universidade de Grenoble Alpes, na França, com a orientação do professor Julien Bras, e coorientação do pesquisador do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, Francys Vieira Moreira.
O novo filme traz formato transparente e incolor – características importantes, porque permitem ao consumidor verificar o conteúdo e a qualidade do produto sem fraturas após a secagem. O biofilme é ecologicamente correto, funciona como eficiente barreira contra óleos e tem até característica comestível.
Além disso, conforme a Embrapa Instrumentação, o filme tem propriedades ópticas e mecânicas similares aos plásticos convencionais, mas com a vantagem de ter fonte naturais como matérias-primas e serem biodegradável. Outra vantagem é que o filme é antimicrobiano, com resultados satisfatórios contra as bactérias Staphylococcus aureus e Escherichia coli em testes acelerados de laboratório e prolongou a vida útil em queijo mussarela, em até um mês.
O filme de gelatina apresentou alta barreira contra a radiação ultravioleta (UV), quase 100% para UVC, mais de 93,3% para UVB e 54,0% para UVA, devido a grupos cromóforos – parte ou conjunto de átomos de uma molécula responsável por sua cor – como tirosina e fenilalanina.
Validado em ambiente de laboratório e em escala pré-piloto, os próximos desafios envolvem a demonstração do protótipo com filmes à base de gelatina termo-seláveis (que pode ser fechada sem uso de cola, mas apenas com aplicação de calor) destinados ao armazenamento de diferentes produtos alimentícios em escala industrial.
O desempenho do filme, mesmo em escala-piloto já chamou a atenção de empresa global de fornecimento de proteínas de colágeno para as indústrias de alimentos, farmacêutica, saúde e nutrição e de aplicações técnicas.
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