A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) esclareceu o homicídio de Ismael Gomes, de 44 anos, assassinado por vigilantes enquanto furtava farelo de soja de trens no Assentamento Nova São Carlos (SP), no bairro Bela Vista, há cerca de um ano.
O crime aconteceu na madrugada de 17 de dezembro de 2019. Ismael estava na companhia de dois sobrinhos, Tiago Alexandre dos Santos e Abner Alex Sandro Ferreira, que confessaram o furto dos produtos nesta data e não se feriram.
Os vigilantes Paulo Henrique Januário e Clodoaldo Raimundo, que atuavam através de uma empresa terceirizada na ocasião, foram indicados pelo homicídio, mas negaram autoria do crime.
Entenda o caso
Na época, a Polícia Militar tinha sido chamada para atender uma ocorrência de cadáver encontrado na linha do trem. Ismael estava com braço e perna esquerda dilacerados. Ao seu lado, foi encontrado um saco de produtos transportados pelos trens da empresa Rumo Logística.
A causa da morte, segundo a perícia, foi hemorragia interna traumática e anemia aguda produzida por ferimento de disparo de arma de fogo. Os ferimentos causados pelas rodas do trem ocorreram após a morte.
Durante a investigação, o cunhado da vítima relatou que ele havia comentado que há três meses tinha discutido com seguranças da empresa. Um dos sobrinhos de Ismael contou ter ouvido disparos de arma de fogo e visto dois vigilantes caminhando próximo à linha do trem.
Confissões e posições
Em seu depoimento, Abner Alex confessou que ele, seu tio Ismael e Tiago Alexandre estavam furtando os farelos de soja para a criação de porcos mantida pela família no assentamento.
Abner teria ficado no chão, enquanto Ismael e Tiago subiram nos vagões, momento em que o trem iniciou movimento e foi quando ocorreram os disparos. Os sobrinhos fugiram, mas a vítima ficou para trás.
Clodoaldo Raimundo foi apontado como o atirador que efetuou os disparos contra a vítima, mas negou a acusação. Paulo Januário, apontado como condutor do veículo que esteve no local durante o homicídio, também negou envolvimento.