Era para ser mais um dia de tratamento no Setor de Quimioterapia da Santa Casa, onde pacientes lutam contra o câncer. Normalmente um ambiente de silêncio e tensão. Mas, nessa quinta-feira (11/11), essa rotina foi totalmente diferente.
A apresentação da dupla Pedro Vitor e Mariana trouxe alegria a todos, tanto às pessoas que recebiam o atendimento como aos profissionais de saúde da Santa Casa. Uma prova de que “quem canta os males espanta”.
No começo, olhares de surpresa, até o som das músicas ecoar pelas salas de atendimento. A partir daí, cada paciente esqueceu, mesmo que por um momento, de todas as dificuldades e desafios impostos pelo tratamento e simplesmente ouviu, cantou e se emocionou.
A ação marca o Novembro Azul, mês de prevenção ao câncer de próstata. E para os músicos tinha um significado especial. A mãe deles, Rachel Aparecida Alves Ferreira, de 58 anos, fez quimioterapia na Santa Casa mas, infelizmente, não resistiu e morreu em março desse ano.
Em agradecimento, os irmãos Pedro Vitor e Mariana decidiram retribuir toda a dedicação dada a mãe com aquilo que é a razão da vida deles – a música.
“Quando minha mãe iniciou o tratamento, um médico amigo nosso disse que ela ia ser atendida por anjos e foi realmente o que aconteceu. Ela foi atendida por anjos aqui e a acolheram muito bem. Eu pedia a Deus uma luz, porque eu queria encontrar uma forma de ajudar essas pessoas e deu certo. Agora pude levar alegria e amor através da música” – explica a cantora.
E o público reconheceu a gratidão da dupla. É o caso do enfermeiro Renan Augusto Soares, que está em tratamento contra o câncer. “Acaba sendo especial pelo fato de eles terem perdido um ente querido, da mãe deles ter sido acompanhada aqui. Eles têm um vínculo de empatia por quem está aqui e eles cantando aqui é diferente, eles cantam para nós, literalmente pra nós. E saber a história de vida dos cantores, parece que associamos a dor deles com a nossa e a gente consegue se acalmar”.
Emoção sentida também pelo cantor e violonista Pedro Vítor. “A gente vê no rosto deles essa alegria, de sentir a música, a gente sente no coração, é uma coisa muito forte. Um paciente veio falar pra mim, até chorando, que a gente conseguiu levar emoção para ele. Isso é o que a gente pretende com nossa música: levar emoção para o pessoal”.
A enfermeira do Setor de Quimioterapia da Santa Casa, Kezia de Souza Aguiar, foi um dos profissionais de saúde que cuidaram da mãe dos cantores. E ela reforça o quanto esse clima muda o astral de quem vivencia o tratamento. “Eu acredito que ajuda, porque traz alegria e motivação e é super importante ver esse lado humanizado com os nossos pacientes. Uma alegria tanto para eles como para todos nós da equipe do setor de quimioterapia”.
O paciente Sílvio Coelho, que é também integrante da Mesa Administrativa da Santa Casa, adorou a apresentação da dupla e concorda com a opinião da enfermeira. “Essa iniciativa deve ser feita mais vezes e estendida a outros setores da Santa Casa, porque isso faz bem ao espírito, porque o corpo material está tendo a ação benéfica do medicamento, mas o espírito também precisa sofrer uma ação de renovação, de força, e a música dá isso para essas pessoas, que muitas vezes, estão tristes e cabisbaixas em função da enfermidade que tem”.