Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, de São Carlos, desenvolveram um método que quantifica o mercúrio em amostras de alimentos, solos e até aterros sanitários. A tecnologia usa laser de plasma, um feito inédito no mundo, que tem custo mais barato e resultados mais imediatos.
O desenvolvimento da tecnologia foi feito em parceria com a Escola de Engenharia de Lorena, da USP.
VEJA TAMBÉM
Censo 2022: 1/3 das cidades da Região Imediata de São Carlos tem redução populacional; veja os números
Obras de duplicação da Avenida Heitor José Reali devem durar 15 dias, estima administração
O mercúrio é um metal pesado, poluente e que pode causar males à saúde humana, mas é um elemento químico de difícil medição em amostras.
Apesar de ser considerada uma técnica poderosa, a técnica apresenta baixa sensibilidade para alguns elementos; entre eles, o mercúrio.
COMO É FEITA A ANÁLISE
Os pesquisadores separam pedaços da amostra, como peixe, solo ou chorume, e a transforma em pastilhas, após secagem em estufa. Raios laser infravermelho e verde são aplicados sobre o material para identificar as moléculas de mercúrio.
A pesquisadora Débora Milori, da Embrapa, explica que a luz refletida é analisada pelo equipamento, chamado espectrômetro, que permite identificar os elementos presentes na amostra a partir de suas linhas de emissão. A partir da intensidade, pode-se mensurar a quantidade de metais pesados como o mercúrio em apenas alguns minutos.
“A grande novidade dessa técnica é que a gente conseguiu medir dois tipos de amostras ao mesmo tempo. Essa é a primeira vez que a gente conseguiu fazer isso no mundo. Nenhum outro laboratório conseguiu fazer isso ainda. É a primeira vez que a gente conseguiu demonstrar que é possível medir dois tipos de amostras, com o mesmo equipamento e com o mesmo modelo”, disse o pesquisador da Embrapa Paulino Ribeiro Villas-Boas.
O professor Carlos Renato Menegatti, da USP Lorena, lembra que o mercúrio é um dos piores contaminantes para a saúde e o meio ambiente e, recentemente, foi detectado em peixes consumidos pela população de seis estados brasileiros. Por causa desses problemas, a legislação brasileira determina que as concentrações de mercúrio em chorume de aterro sanitário não podem ultrapassar 0,5 ppm, mas muitas vezes chegam a 160 ppm. A técnica pode contribuir nessa etapa do processo, assegurando os níveis seguros estabelecidos por lei.
“Nós tentamos fazer algo que possa ser medido independentemente do tipo de amostra e resolver um problema ambiental geral, não só aqui, mas no mundo todo”, comemora o professor.
Os pesquisadores sugerem a realização de estudos complementares para confirmar os resultados desse trabalho e expandir o uso da técnica e modelos para outros elementos, tipos de amostras e condições de medição. No momento, a equipe está trabalhando com novos métodos para reduzir ainda mais o limite de detecção da técnica para a quantificação de mercúrio.
*Com Agência Embrapa e EPTV.
LEIA MAIS
Carro zero com desconto: programa de incentivo será estendido