Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), desenvolveram uma técnica para o reaproveitamento de água utilizando plantas que realizam a filtragem da água poluída.
O método consiste na utilização de água suja e imprópria para o consumo na irrigação de jardins formados por copos-de-leite, plantas típicas de ambientes muito úmidos, como os brejos.
A plantação funciona como um filtro. As flores absorvem a água suja e se alimentam dos compostos orgânicos que causam a poluição e deixam a água mais limpa.
Segundo o estudo desenvolvido pelos pesquisadores, em dez horas, os jardins podem filtrar até dois mil litros de água poluída, transformando-a em 100% reutilizável após o processo.
“As raízes das plantas se associam com os microrganismos e como elas são adaptadas a esse ambiente aquático, elas conseguem descontaminar a água de uma forma natural”, explicou o pesquisador da Embrapa Wilson Tadeu à EPTV Central.
Entendendo o processo
No projeto experimental, os pesquisadores usaram água de um viveiro de criação de tilápias, que fica suja por causa de fezes dos animais, restos de ração e de algas que se desenvolvem dentro do tanque natural. A respiração dos peixes também contamina a água com a liberação de amônia.
Para substituir a água poluída por uma limpa, é retirada parte da água contaminada do tanque que, normalmente, é descartada na natureza, podendo ser contaminante para outros ambientes.
Pelo processo desenvolvido, a água que seria descartada pode ser reutilizada para abastecer os jardins de plantas aquáticas e ser recuperada. O processo reduz o desperdício dos recursos hídricos, principalmente durante épocas de seca e escassez de chuvas, além de diminuir os gastos com a conta de água.
Embora a água filtrada pelas plantas não seja própria para o consumo humano, ela pode ter outras reutilizações como o próprio reabastecimento dos viveiros dos peixes. Além de recuperar a água, o processo pode gerar uma renda extra, já que as flores empregadas na filtração da água poluída podem ser vendidas.
Para o pesquisador, em um momento de crise hídrica tão rigoroso como esse, o fato de poder reutilizar água significa deixar de retirar água do meio ambiente. “Eu acho muito importante a gente mostrar que é possível conciliar desenvolvimento econômico, social e qualidade ambiental”, finalizou Tadeu.