A Guarda Civil de São Carlos está trabalhando há anos com efetivo abaixo do mínimo obrigatório por lei federal. A corporação que presta serviços na segurança pública do município tem déficit de 42 membros para chegar aos 200 obrigatórios.
O efetivo da GCM local foi informado durante audiência pública realizada ontem na Câmara Municipal para discutir a escala de trabalho da corporação e as condições de trabalho dos guardas. A corporação tem 158 membros.
A defasagem do número de componentes da Guarda era de conhecimento da Secretaria de Segurança Pública desde pelo menos 2017, no começo da gestão Airton Garcia (PSL), segundo a secretária de Gestão de Pessoas, Helena Antunes. Em 2018, ela própria afirmou ter oferecido a inclusão da GCM em concurso público, mas recebeu uma negativa do secretário Samir Gardini.
“Nós queríamos abrir um concurso público em 2018 para vários empregos na Prefeitura. Neste momento consultei a secretaria não quis abrir concurso. O Samir que me perdoe, [mas ele pode] pode dizer se isso aconteceu ou não. Isso está documentado de que não houve interesse, pelo contrário, escrevi e recebi de volta que naquele momento não queria abrir concurso público pois tinha planos de armar a guarda, treinar e gostaria de ter uma situação um pouco diferente para abrir um concurso”, relata.
Na reunião, o secretário assumiu ter recusado o concurso público naquela época. Ele justificou que a pasta estava debruçada sobre uma política pública de instalação de câmeras de monitoramento nos prédios municipais, o que não ocorreu até hoje. Só nas escolas municipais foram mais de 90 casos de furtos no ano passado.
“Na minha cabeça que quando tivéssemos uma situação de alarmes ideal, o que não temos até hoje, eu poderia indicar qual o número de guardas municipais que a gente teria que fazer naquele concurso. Completar os 200 ou fazer mais, e realmente naquele momento eu falei que não era a ocasião”, confirma.
Para cobrir a defasagem no número de guardas municipais o secretário afirmou ter preferência pelo modelo de escala em que se trabalha 12 horas e se descansa outras 36. Ele disse que na soma geral há ganhos de ostensividade nas ruas da cidade. Por mês, cada GCM trabalha 4 horas a mais no modelo proposto.
Gardini afirmou que pretende abrir concurso público ainda neste ano para zerar o déficit na GCM são-carlense. Há R$ 4 milhões reservados para novas contratações no Orçamento 2022. Porém, esse novo efetivo pode chegar às ruas somente dois anos depois de homologado o resultado. Os guardas passam por treinamento antes de iniciarem os trabalhos de policiamento.
Os planos da administração de deixar em 200 o número de guardas foi criticado pelo advogado Carlos Freitas, do Sindicato dos Servidores Públicos. “Esse números de 42 [contratação] já nascem defasados, pois é para a população de São Carlos de 2001. De lá para cá quanto essa cidade cresceu?”, questiona.