Definido como um amor puro e genuíno, o amor de mãe é um dos atos mais simples e significativos de uma vida. E para quem é mãe adotiva, esse amor também vem carregado de uma luta contra preconceitos, comentários desnecessários e até mesmo “piadas” de mau gosto. Em São Carlos (SP), duas mães lutaram para realizar o sonho de ser mãe, e mais, compartilhar essa alegria com os seus filhos, dando a eles uma família.
Na vida da Patrícia Puntel Dinamarco, a vontade de ser mãe adotiva surgiu no meio do processo de fertilização, quando ela sentiu que não conseguiria um filho biológico. Antes mesmo de fazer sua inscrição para, junto com o Paulo, ter um filho adotivo, ela começou a estudar sobre adoção, conhecer outras mães e até preparar a família para o grande momento.
E então, o André apareceu. Um bebê prematuro de 25 para 26 semanas, com uma mínima expectativa de vida, mas transbordando de amor para compartilhar, e Patrícia o acompanhou desde aquela época, quando mesmo antes do processo finalizado, ficou com o pequeno por mais de vinte dias no hospital.
“O fórum conversou em um dia, no dia seguinte a gente conheceu ele e já ficamos no hospital. Ele quase morreu várias vezes porque tinha muita dificuldade e problemas de visão. Ele usa aparelho auditivo, é hiperativo, precisou de estimulação até para andar”, comentou.
Patrícia comenta que quando o filho foi para casa, precisou se fortalecer. Ela chegava a ouvir frases como “Você está dando uma chance”, “Como você é boa” e “Como vai fazer bem para ele” e se sentia incomodada com tais expressões.
“Eles colocam a gente como anjo porque para as pessoas, é quase impossível você querer adotar outra criança que não seja biológica, de outra família. Hoje eu não ligo mais, hoje se fala mais de adoção. Ser mãe adotiva não tem haver com altruísmo, tem haver com querer ser mãe de um filho ou uma filha. Eu estou sendo mãe do André”, disse ela.
Hoje, o filho está com 14 anos e tem plena consciência de sua história – algo que a mãe acha fundamental para filhos adotivos. Para ela, a adoção preencheu o que faltava, foi algo “muito completo” e trabalhoso, mas um processo que vale a pena.
“A gente precisa ser pais e mães adotivas com responsabilidade, porque a devolução é algo extremamente cruel. Se informar, ir atrás, e depois que o filho chegar, também trabalhar isso porque existe um lado romântico na adoção, e ela é sofrida dos dois lados, mas ela tem tanto amor envolvido e precisa de responsabilidade e estudo. Eu pude realizar o sonho de ser mãe, mas primeiramente pude realizar o sonho de o André ter uma família, e isso é muito mais importante. Eu não consigo pensar em minha vida sem o André, a vida deu um jeitinho para a gente ficar junto e valeu a pena”, desabafou.
Uma segunda história
Na história de Maria Natalina Campos também não falta beleza e muito amor. Mãe de dois filhos adotivos junto com o marido Sebastião, o Felipe Campos, de 28 anos, e a Vitória Maria Campos, de 20, ela comenta que não sabe o que é ter “um filho de barriga”, mas quando pegou os bebês no colo, soube que estava na direção certa.
“No momento que os peguei no colo, olhando aqueles bebês, que diferença fazia para mim se saiu da minha barriga? O que importava é que estava nascendo em meu coração. Eu amei tanto, tanto e tanto que até doía, e desde então continuo amando que até dói”, disse.
Ela define a adoção em uma frase simples, mas de muito valor: feliz o filho que é adotado por seus pais. “Para mim, maternidade é criar o bebê que lhe foi destinado com muita entrega e amor. Me considero uma mãe normal e que ama seus filhos”, completou.