Inaugurada com pompa e circunstância no início do mês, o redesenho da Avenida João Lourenço Rodrigues, na região da Praça Itália, irrita motoristas que trafegam para a região sul e fez as “primeiras vítimas” antes de completar 30 dias.
O maior ponto de irritação por quem passa pelo local é o semáforo colocado no desvio pela rua Coronel Leopoldo Prado. Agora quem se dirige à Vila Prado e bairros do sul de São Carlos deve passar pelo local e esperar longos 50 segundos no sinaleiro da esquina com a Avenida Dr. Teixeira de Barros, conhecida como Rua Larga.
O problema se complica ao meio-dia ou fim de tarde, horários em que trabalhadores que moram na região sul vão almoçar ou para casa. No fim da tarde desta segunda-feira (20), a fila chegou a 250 metros, se aproximando da passagem sob a linha férrea.
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“Acho que o formato antigo está um pouco melhor. Acho que está muito congestionado e demoramos bastante tempo aqui parado. Dependendo do dia tem que esperar duas vezes [dois ciclos]”, relata a moradora Vanessa Costa, da Vila Monte Carlo.
Entre os motoristas que esperam há quem converse ao telefone, digite no WhatsApp, fume um cigarro ou ouça notícias ou música no rádio. Cinquenta segundos é tempo suficiente para uma distração.
Além do tempo do semáforo, o traçado desenhado pelos engenheiros responsáveis pelo projeto foi alvo de críticas dos motoristas. Há ponto cego que impossibilita quem sobe a João Lourenço ver o que há no acesso à Leopoldo. Pedestres, por exemplo, que estão na pista sul não conseguem seguir na mesma calçada sem se arriscarem na travessia. A poucos metros dali há uma movimentada Escola Estadual.
“Está muito apertado esse acesso aqui, dá muito trânsito”, resume o motorista profissional Elton de Souza Antônio, que estava a bordo de um pequeno caminhão.
E a reprovação não vem somente de quem está no trânsito. Quem depende de movimento viu os consumidores minguarem após o primeiro quarteirão da João Lourenço se tornar mão única sentido Centro. A via que antes se dividia para os dois fluxos ganhou pinta de “boulevard”, com direito a faixa para ônibus e outras duas para trânsito comum. A realidade é que os coletivos passam em esparsos intervalos; os outros veículos usam somente uma faixa. Em resumo, metade da via é usada e os comerciantes não têm mais os clientes.
O primeiro trecho da João Lourenço conta com cinco pontos comerciais. O da esquina, grande galpão, está vazio há meses, culpa da crise econômica. Uma mecânica de motos fechou durante a reforma da avenida em busca de um ponto mais movimentado. Há, ainda, uma casa de troca de óleo de carros e bar, cujo movimento não mudou muito, contam funcionários, e a borracharia em que trabalha Lucas Oliveira.
“Aqui vai entregar o ponto. São R$ 1.800 num lugar que você não faz cinco carros e duas motos por dia. Vamos procurar uma melhoria, um lugar com mais fluxo como o Cruzeiro [do Sul]. Tem que ir onde se tem movimento”, relatou. O local que antes fechava às 19h devido ao grande movimento, agora encerra o expediente às 17h.
Apesar das reclamações, há quem se beneficiou com a mudança de traçado do trajeto sul. Uma auto elétrica, por exemplo, perdeu praticamente metade de seu galpão, mas agora tem clientes “na porta”, relata um dos donos do local que preferiu não gravar entrevista. Noutro ponto, uma revenda de carros usados, o dono relatou que motoristas que esperam pelo semáforo têm demonstrado interesse pelos veículos expostos na loja, mas os negócios não tem saído.
O que diz a Prefeitura?
Procurada, a Secretaria de Transporte e Trânsito afirmou que ainda não tem previsão para reprogramação do semáforo.
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