Em dois anos, São Carlos teve um aumento de 25% no número de crianças atendidas por violência sexual. Com indicadores preocupantes, a prefeitura tomou a inciativa de lançar nesta quarta-feira (11) a campanha Não Pode, cujo objetivo é prevenir crimes de violência e exploração sexual de crianças.
Os dados são do Programa de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual (Pavas), que trabalha com crianças que já passaram por outros órgãos públicos, assim como familiares. Na comparação com o ano de 2019, o número de crianças acolhidas passou de 209 para 260. Em 2020 foram 249.
Agora, com a campanha Não Pode, durante o mês de maio, em parceria da administração municipal com o Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (Laprev-UFSCar), uma série de atividades será realizada, como explica a secretária de Cidadania e Assistência Social, Vanessa Soriano Barbuto.
“Esse evento todo foi pensado por conta do dia 18 de maio, então fizemos essa abertura, e vamos ter na sequência o mês todo de atividades voltadas principalmente para formação, tanto para educação, quanto com a Secretaria de Infância e Juventude, na nossa secretaria mesmo, a gente vai ter formação para poder entender aquele momento que aquilo está acontecendo e poder prevenir antes que o pior aconteça. A gente fala disso esse mês, mas a gente tem que falar disso todos os dias”.
Dados locais
Atualmente, 58 crianças e adolescentes são atendidas no Centro de Referência de Assistência Social (Creas) de São Carlos. Dois casos são de exploração sexual. E, desses casos, 20 foram registrados no primeiro trimestre deste ano.
O defensor Público Jonas Zoli Segura trabalha com a área de violência contra crianças e adolescentes e alerta que os números registrados na cidade são altos.
“Se a gente pensar que nem todos os casos são notificados, pelo contrário, a imensa minoria dos casos são notificados, essa proporção na prática é muito maior. Por isso temos que criar instrumentos que consigam escutar essa criança, dar o atendimento adequado, fazer os encaminhamentos adequados, garantir toda a proteção que alei exige, e principalmente, sem revitimizá-la, sem fazê-la falar várias vezes e reviver aquela violência sofrida”, disse.
Os números podem ser ainda maiores, isso porque a pandemia dificultou o acesso aos órgãos de denúncias e acolhimento. “Todas as instituições, todos os órgãos tiveram que se reinventar para absorver essas demandas que antes eram encaminhadas pessoalmente, as pessoas chegavam e faziam o relato. Com o fechamento dadas às restrições sanitárias, todo mundo teve que se amoldar e fazer um novo mecanismo de absorção dessas demandas. Com certeza nesse período inúmeras demandas ficaram represadas, não chegaram ao conhecimento do poder público”, explicou o defensor público.
O lançamento da campanha Não Pode ocorreu no Paço Municipal e contou com a presença de diversas autoridades, além de uma palestra sobre o tema com o juiz da 2ª Vara Criminal da Infância e Juventude, Cláudio do Prado Amaral.