Pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste alia o bem-estar animal e melhor aproveitamento de recursos hídricos sem prejudicar a produção de carne bovina. A medida de disponibilizar a sombra para os bois é compensatória, inclusive.
Pesquisadores em São Carlos fizeram a comparação com gado confinado sem disponibilidade de sombra. O resultado é que à sombra, os bois consumiram, na média, três litros de água a menos por dia. A produtividade hídrica foi 10,4% maior para os animais criados à sobra.
Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Julio Palhares, a disponibilização de sombra foi feita por meio de mourões e telas que barram 80% da luz solar. O método apresenta boa eficiência com baixo custo e pode ser adaptada pelo pecuarista conforme a sua necessidade e possibilidade de investimento. Os resultados foram promissores.
“Conseguimos enxergar isso. Os animais chegaram ao mesmo peso final e tiveram o mesmo desenvolvimento, independente da oferta de sombra”, afirma.
Os três litros diários a menos no consumo por boi fazem a diferença em tempos de recursos hídricos escassos. Em um dia são economizados, na média, 30 mil litros de água em um rebanho de 10 mil cabeças. Em um ano, deixariam de ser usados quase 11 milhões de litros de água, ou quatro piscinas olímpicas, com o sistema em prática.
Ao dia, cada nelore “ao sol” consome 40,6 litros enquanto o “à sombra”, 37,3 litros. “Vira um mar de água que poderia ser economizada simplesmente ofertando essa prática de bem-estar”, afirma.
A água economizada poderia ser utilizada em outras atividades dentro da própria fazenda. Com a prática, há a possibilidade de reduzir a pegada hídrica na produção de corte. Recentemente, a própria Embrapa de São Carlos calculou 14 mil litros de água utilizados para a produção de apenas 1 kg de carne.
“Se a pecuária pode contribuir economizando, deixando de usar água ao ofertar uma prática, tendo ainda a vantagem de bem-estar animal, por que não?”, indaga.
Se o manejo com oferta de sombra fosse feito em toda a produção confinada nacional, de 6 milhões de abates por ano, seriam economizados mais de 1,5 bilhão de litros de água.