A prefeitura de São Carlos (SP) informou nesta segunda-feira (7) que não tem data para realizar obras e reparos na Cemei Maria Alice Vaz de Macedo, no Cidade Aracy, e que as aulas estão suspensas até segunda ordem. Sem condições estruturais para o retorno, alguns espaços da unidade chegaram a ser interditados.
As aulas presenciais foram retomadas hoje na maioria das unidades municipais, e também retornaria na Cemei Maria Alice, se não fossem as denúncias expostas por funcionários e familiares sobre as condições deploráveis da unidade.
Nesta manhã algumas mães se reuniram na unidade e assinaram um abaixo-assinado contra o retorno das aulas antes de uma reforma. Uma delas foi a auxiliar de limpeza Marly Souza, de 35 anos, que contou que precisou pagar uma babá para a filha durante a pandemia, mas assim como outras famílias não tem mais condições e precisa do serviço.
“Ficaram dois anos com a escola fechada por causa da pandemia, só que agora é dia de voltar às aulas e a escola está toda detonada, com rato, tudo quebrado e não tem condições de trazer nossas crianças. É perigoso para eles, sem segurança nenhuma, não tem como cozinhar porque está tudo quebrado, fogão enferrujado, está complicado. Estamos indignados, falta de respeito mesmo”, disse.
Para a auxiliar de cozinha Antonia da Cruz Gonçalves, o problema mais grave foi o fato de a prefeitura ter abandonado a instituição nesses dois anos de aulas suspensas, não sinalizar a necessidade de obras e ainda não ter uma data para a reforma “sair do papel”.
“Nada foi feito e a gente está pedindo socorro, para que eles possam arrumar um lugar para a gente deixar nossos filhos até essa reforma sair, porque não podemos mais esperar. Nessa pandemia a gente ficou dois anos sem as crianças na creche, a creche já era para ter sido reformada, mas está lá tudo destruído. A gente pede que a Secretaria olhe com mais respeito para essa causa porque estamos desesperados”, relatou.
A diarista Vanderleia Pereira Nunes também está sendo afetada pela situação. Ela relatou que ficou sabendo das condições da unidade dias antes do retorno das aulas e que está indignada porque acredita ser obrigação da prefeitura vistoriar as unidades antes do início das aulas.
“Não é para daqui três meses, necessitamos para agora. Não se foi feito nada. Drogas, ratos, chove mais dentro do que fora, armários deploráveis, tudo enferrujado, baratas, a cozinha está uma vergonha. E os professores que levaram isso adiante, que colocaram a cara a tapa [para denunciar], espero que não tenham represália contra essas professoras e essa diretora”, comentou.
O que diz a prefeitura
Na semana passada, a administração informou que a unidade passaria por dedetização para conter a infestação de ratos e que o retorno das aulas estava previsto para quarta-feira (9), mesmo diante de tantos problemas estruturais.
Nesta segunda a prefeitura foi questionada novamente, e informou que a Secretaria de Educação não tem data para iniciar as reparações na unidade porque depende da Secretaria de Obras, mas também não há previsão para isso. E sem as obras, o retorno também foi adiado, mas segundo a pasta, deve acontecer ainda neste mês.
A secretária Wanda Hoffman ainda reforçou que os alunos matriculados na unidade não serão realocados e que devem esperar o retorno das aulas naquela unidade.