Um levantamento feito pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) aponta precariedade em delegacias de 300 cidades do interior paulista, que hoje atuam sem delegados fixos. Na região de São Carlos (SP), quatro cidades foram listadas. Em nota, o Governo do Estado classificou o relatório como “equivocado”. (Veja mais abaixo)
De acordo com o relatório do sindicato, em visitas feitas nas delegacias do interior foi possível constatar delegacias e viaturas abandonadas, distrito funcionando sem delegados e com população atendida por estagiários cedidos pelos municípios no lugar de policiais civis.
“A situação encontrada em algumas regiões é caótica. O déficit de pessoal da Polícia Civil de São Paulo supera 15 mil policiais. O resultado é que delegacias não tem policiais para funcionar e estão abertas com estagiários das prefeituras, situação precária e que coloca em rico a segurança da população”, disse a presidente do Sindpesp, Raquel Gallinati.
A falta de policiais também reflete nas delegacias de 300 municípios do interior que hoje funcionam sem um delegado e são atendidas por profissionais de cidades vizinhas, segundo o sindicato. Na região do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo – Ribeirão Preto (DEINTER-3), estão incluídas Dourado, Ibaté e Ribeirão Bonito. A cidade de Analândia, que compete ao DEINTER-9 (Piracicaba), também foi listada. (Clique para ver o documento)
Salários baixos afastam profissionais
Ainda segundo o sindicato, a queixa mais frequente entre a classe é o salário. Segundo o ranking salarial feito pelo órgão, pelo segundo ano consecutivo os delegados paulistas recebem o pior salário do Brasil. Escrivães e investigadores também estão nas últimas posições do ranking.
“Além do pagamento não ser condizente com as dificuldades e os riscos da carreira policial, o baixo salário afasta os aprovados em concursos, que preferem assumir vagas em outros estados, onde o salário chega a ser mais que o dobro do pago em São Paulo”, disse a presidente Raquel Gallinati.
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Todo o material elaborado pelo Sindpesp foi encaminhado aos delegados do Estado e ao delegado geral, cargo máximo da Polícia Civil. O sindicato e outras 12 entidades ainda buscam negociar com o Governo do Estado para tratar dos principais problemas apontados.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) justificou que a Polícia Civil considerou o levantamento como equivocado, “pois contabiliza funções administrativas e cargos em estruturas fora de distritos policiais” e alegou que desde o início da atual gestão, o Governo do Estado investe na valorização, ampliação e recomposição do efetivo policial.
“No período, 12.874 policiais foram contratados em todo o Estado, sendo 2.318 para a Polícia Civil. Além destes, foi autorizada a abertura de concurso para a contratação de mais 5.639 policiais, sendo 2.750 exclusivamente às carreiras da Polícia Civil. Paralelamente, 89 unidades policiais já foram reformadas e outras 177 estão em reforma ou com os respectivos projetos em andamento com previsões de entrega até o fim do ano. São mais R$ 249,3 milhões em investimentos com recursos do tesouro, convênios e parcerias público privadas”, diz.
A SSP ainda completou que “não há município paulista que não tenha um delegado que responda pelo expediente e coordene as equipes operacionais existentes em cada uma das unidades operacionais”.