Mesmo com a promessa de encaminhamento das medicações que estão em falta há semanas, muitos moradores de São Carlos (SP) continuam convivendo com problemas decorrentes da falta de remédios de alto custo fornecidos pelo Estado. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que o atraso na regularização está sendo causado pelo Ministério da Saúde.
A situação persiste há semanas, segundo os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que precisam dos medicamentos. Na semana passada, a prefeitura informou que houve um atraso na entrega dos medicamentos e que na sexta-feira (14) tudo seria encaminhado para o Departamento Regional de Saúde de Araraquara (DRS-III), sendo que a equipe da cidade iria retirar as medicações em seguida.
Essa também foi a informação recebida pela idosa Maria Lázara Benedito, de 66 anos, que sofre com a falta do remédio quetiapina desde novembro. Trabalhadores pediram para ela voltar na unidade no dia 14 de janeiro, data em que o problema seria supostamente resolvido. Ela voltou nesta segunda-feira (17), mas saiu de mãos vazias.
“[Hoje] Não deram previsão, falaram que não está chegando e que é porque está em falta o remédio. Eu vou tentar ir na Secretaria da Saúde porque está tudo aqui, laudos, receitas. [O marido] Não pode ficar sem. Cada caixa do remédio custa R$ 175, ele toma quatro”, comentou.
O professor Antonio Panchareli, de 63 anos, utiliza um colírio de alto custo para tratar o glaucoma desde setembro. Ele relatou que está conseguindo o medicamento porque a farmácia tem em estoque, mas que não está sendo distribuído.
“Mês passado me deram o colírio dizendo que iam fazer uma doação, e hoje a mesma coisa, disseram que não veio de Araraquara, mas como tinham no estoque iam fazer uma doação. Bem ou mal eu peguei, mas sou uma exceção. É extremamente complicado porque isso não é uma doação, tenho direito ao medicamento de alto custo”, disse.
Segundo o professor, um frasco é o suficiente para um mês exato e em fevereiro precisará voltar para dar continuidade no tratamento, mas espera que não seja um transtorno.
“Eu dei entrada no medicamento em setembro, nós estamos em janeiro e a perspectiva é que o remédio só vai chegar no mês de fevereiro. O glaucoma é uma doença silenciosa, você não pode deixar de usar porque você pode ficar cego. É um remédio que tem que ser fornecido pelo Sistema Único de Saúde e a gente não entende o porquê desse problema, se é falta de dinheiro ou de organização, porque não te dão uma explicação”, explicou.
Outro lado
A prefeitura explicou que toda a coordenação de distribuição dos medicamentos é feita exclusivamente pelo governo estadual e informou, em nota, que segundo a supervisão da farmácia ocorreu um erro de digitação de guias no sistema do Estado. O problema, segundo a administração, deve ser regularizado nesta semana.
Já a Secretaria de Estado da Saúde informou que “53 medicamentos em 84 apresentações diferentes encaminhados pelo Ministério da Saúde estão com os estoques desabastecidos ou parciais na maior parte das unidades estaduais” e que assim que a pasta federal regularizar a entrega dos medicamentos, os pacientes serão informados.
O Ministério da Saúde também foi procurado, mas não retornou até a publicação desta reportagem.