Apresentando diversos dados de atendimento, o Conselho Tutelar de São Carlos confirmou um aumento expressivo de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes na cidade. A programação que aconteceu no Paço Municipal nesta quinta-feira (19) faz parte da campanha “Não Pode”.
Segundo o órgão, após dois anos do início da pandemia ocorreu diminuição das notificações de casos de violência contra crianças e adolescentes, e ao mesmo tempo um aumento da exposição à violência intrafamiliar.
Somente neste primeiro semestre de 2022 já foram atendidas pelos Conselhos Tutelares de São Carlos (Regiões I e II) 95 crianças e adolescentes, sendo 15% desse total com confirmação para violência sexual.
Em 2021, durante o ano todo, foram atendidos 141 crianças e adolescentes, sendo 34 casos confirmados de violência sexual; em 2020 foram 79 notificações, com 12 casos confirmados para violência sexual e em 2019, antes da pandemia, foram atendidos 90 crianças e adolescentes, com 18 casos de confirmação de violência sexual.
“Nós sabíamos que isso iria acontecer pela falta de notificação, principalmente em 2020. O que percebemos é que a maioria das crianças que atendemos são de famílias vulneráveis. Dificilmente uma criança chega somente com a situação de violência sexual, mas também de conflito familiar, envolvendo drogadição e alcoolismo dos pais ou responsáveis. Sempre é uma criança exposta a várias violações”, afirmou a conselheira Larissa Camargo.
Já os casos de exploração sexual confirmados são menores. Em 2021 foram confirmados 2, em 2020, 1 caso, e em 2019 também foram 2 casos. “A exploração sexual é mais difícil de ser comprovada e admitida pelas famílias das vítimas, uma vez que ocorre um sistema de troca. Quem explora paga alimentação, uma conta de água ou de luz para a família, fornece roupas e calçados, o que torna mais difícil a denúncia e confirmação”, revela a conselheira.
A pediatra do Hospital Universitário (HU) Mariana Bueno da Silva San Felice, responsável pelo ambulatório multidisciplinar “Adolescer”, foi a segunda palestrante da manhã e falou sobre os atendimentos realizados pelo Hospital Universitário (HU) de vítimas de violência.
“Realizamos o atendimento, ouvimos a vítima e a família, solicitamos exames e acompanhamos mensalmente essa criança. Os adolescentes passam pelo mesmo processo, porém também pedimos exames de sorologia e no caso das meninas, de gravidez e acompanhamos caso a caso. A maioria dos casos é de violência sexual”, finaliza a pediatra.
Confira os números dos Conselhos Tutelares (Unidades I e II):
Número de crianças/adolescentes atendidas com suspeita ou confirmação de violência sexual:
2019 90
2020 79
2021 141
2022 95
Violência/Exploração sexual confirmada:
2019 20
2020 13
2021 36
2022 14
Número de medidas preventivas aplicadas pelos conselhos tutelares:
2019 151
2020 131
2021 323
Número de medidas protetivas aplicadas pelos conselhos tutelares:
2019 151
2020 131
2021 323
Porcentagem de crianças/adolescentes do sexo feminino com suspeita ou confirmação de violência sexual:
2019 88%
2020 74%
2021 83%
Porcentagem de crianças/adolescentes do sexo masculino com suspeita ou confirmação de violência sexual:
2019 12%
2020 26%
2021 17%
Média mensal das violências:
Psicológica
2019 1
2020 2
2021 9
Física
2019 6
2020 6
2021 14
Sexual
2019 11
2020 15
2021 27