A falta de vagas para novos pacientes que precisam de tratamento de hemodiálise ou diálise na Santa Casa de São Carlos tem sido motivo de angústia e preocupação entre famílias. Hoje, o hospital tem fila de espera para a admissão pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e não tem prazo para melhorar a situação.
O são-carlense Wagner Luiz Melo, pai da analista financeira Gabrielle Melo, vivia há mais de 20 anos com um rim transplantado, mas após positivar para Covid-19 teve complicações e precisou ser internado no mesmo hospital onde fez a cirurgia, em São Paulo.
Com o rim sem funcionar, ele precisou voltar a fazer sessões de hemodiálise, e como está sem vagas para realização o procedimento em São Carlos, ele está internado sozinho na capital. Para ele, estar longe da família e não poder levar uma vida normal despertam a sensação de desespero.
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“Pra que haja vaga, algum paciente de lá tem que morrer, tem que arrumar transplante ou mudar de cidade. Imagina nós que estamos doentes, que também sofremos do mesmo modo, ficar torcendo para a pessoa morrer para ter uma vaga para a gente ir para a cidade da gente”, desabafou.
A filha da Janaina de Carvalho tem 25 anos, Diabetes Tipo 1 e é hipertensa. Pouco menos de um mês começou a se sentir mal, procurou atendimento médico e recebeu a notícia que seu rim estava parando e que ela precisa fazer hemodiálise três vezes por semana.
Sem vagas para o procedimento ela precisou continuar no hospital, para o desespero da família que agora luta por uma vaga. “A única coisa que eu quero é que a minha filha tenha o direito de conseguir essa vaga para estar fazendo a hemodiálise e ir embora para a casa dela, ficar do lado do esposo, da filha, porque até quando ela vai ficar esperando?”, disse a mãe.
Na busca por uma solução
Hoje são 228 pacientes que fazem hemodiálise, em torno de 2.900 procedimentos por mês, mas segundo o diretor técnico da Santa Casa, Roberto Muniz Jr, não há mais espaço físico para receber novos pacientes.
“Hoje o serviço opera na sua capacidade máxima. A abertura de novas vagas depende da saída de pacientes do sistema, ou alguém mudou de localidade ou infelizmente faleceu, é assim que as vagas novas acabam surgindo, e do ponto de vista físico nós não temos capacidade de aumentar o número de diálises, de postos para diálise”, explicou.
De acordo com o diretor, foi apresentado um projeto para tentar solucionar a falta de espaço para novos postos. “A Santa Casa já enviou um projeto para a prefeitura e para o Departamento Regional de Saúde (DRS-III) sobre esse espaço novo que precisa ser criado, precisa ser construído para que a gente tenha de novo uma folga nas vagas”, informou.
Em nota à EPTV Central, os representantes dos governos estadual e municipal informaram que não receberam o projeto ou qualquer pedido de ajuda. A Secretaria de Estado da Saúde também informou que o atendimento de pacientes que realizam a hemodiálise está normal.
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