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CotidianoTrabalho de ONG leva conhecimentos de saneamento rural para agropecuaristas

Trabalho de ONG leva conhecimentos de saneamento rural para agropecuaristas

Projeto financiado pela Fehidro ensinou técnicas para construção de fossa biodigestora, cisterna, clorador para água e composteira

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Fossa biodigestora foi tema de aprendizado no campo. Foto: Divulgação / Veracidade

Uma ONG de São Carlos usou da tecnologia para ensinar produtores rurais da região alternativas para o saneamento rural. As ferramentas foram desenvolvidas pela Embrapa Instrumentação.

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O projeto da organização não governamental Veracidade percorreu os municípios de Itirapina, Ribeirão Bonito e Boa Esperança do Sul para levar conhecimento sobre técnicas como a compostagem, a fossa biodigestora, o clorador para água e cistena.

Segundo a consultora da ONG, a bióloga Aline Zaffani, a intenção inicial era levar os ensinamentos pessoalmente para grupos de produtores rurais nas três cidades, mas a pandemia mudou tudo.

“Depois, quando chegou a pandemia em Boa Esperança do Sul, nós conseguimos fazer a reunião de apresentação. Só que chegou o momento de fazer as oficinas de fato e a pandemia já estava instalada, então não conseguimos chamar as pessoas para participarem”, comenta.

O itinerário proposto pela equipe da Veracidade incluía ir aos municípios em uma propriedade rural e instalar uma das soluções em uma aula prática para os agricultores. Em cada cidade eram quatro encontros realizados. Com a pandemia, o meio encontrado foi realizar a instalação, gravar e postar em rede social e enviar o material didático para os participantes. Apesar da impossibilidade do ensino presencial, a internet levou o método a 7 mil pessoas.

“Nós conseguimos bater a meta de cem pessoas presencialmente, claro que dentre eles alguns se repetiram, mas (com a internet) atingimos um público bem maior do que o proposto. Teve um lado positivo aí”, relata.
 

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Participantes também aprenderam a fazer cisterna. Foto: Divulgação / Veracidade

O produtor rural João Antonio Ellio, de Ribeirão Bonito, foi um dos recebeu os ensinamentos da ONG. Ele passou a aplicar dois sistemas propostos. A composteira foi melhorada com as técnicas desenvolvidas pela Embrapa. Em outro caso, a fossa biodigestora aposentou fossa antiga. Na nova, bactérias digerem os dejetos e o resultado é um efluente praticamente limpo, que pode ser usado na propriedade como fertilizante.

“A primeira vantagem é que nesse processo vamos usá-la no mínimo uns 12 a 15 anos sem precisar fazer nada. Isso é uma grande vantagem. Não dá cheiro, nem moscas. A antiga não gerava moscas, mas as vezes vinha um cheiro do suspiro”, explica.

Combinados, os sistemas dão economia para o bolso do produtor e ainda garantem destinação mais correta aos resíduos gerados pela família e da atividade rural. A composteira, por exemplo, é alimentada por esterco produzido pelas criações do sítio, entre eles carneiros, búfalas, porcos e galinhas.

Quando utilizada regularmente nas propriedades rurais, a composteira resolve um problema gerado pelo esterco. Com a presença de bactérias que podem ser nocivas à saúde, pode gerar um passivo ambiental. Por ter alta concentração de nitrogênio macronutriente que é muito benéfico às plantas o estrume pode queimar as culturas. Quando curtido a céu aberto, gera cheiro e acumula moscas. Já quando aplicado em composteira, passa por processo de degradação biológica, ou seja, bactérias se alimentam gerando gás carbônico, calor, água e o biofertilizante.

“Estou economizando na compra de fertilizantes. Comprava mais ou menos 10 kg para os pés de uva e tenho mil pés, então são 10 toneladas. Eu tenho 100 limoeiros, 100 pés de pêssego. Devagarzinho vou usando para adubar tudo bem adubado. E daí tenho mais uma horta onde usamos (o biofertilizante) nos canteiros. É ótimo”, relata.
 

ONG ensinou agricultores a montar uma composteira. Foto: Divulgação / Veracidade

Para Wilson Tadeu Lopes da Silva, da Embrapa Instrumentação, trabalhos como o da ONG levam os conhecimentos da estatal para mais pessoas. Assim, os pesquisadores podem se concentrar ainda mais na geração de conhecimento para a agropecuária.

“Há um acompanhamento pós-instalação que também é muito importante que seja feito. A Embrapa não tem tamanho para fazer isso, é uma empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação, mas não é uma empresa de extensão rural. Então precisamos de parceiros para fazer esse acompanhamento”, opina.

O saneamento rural é um problema que fica na fronteira entre a saúde pública e as questões sociais e econômicas brasileiras. Agricultores e pecuaristas, quando não fazem o manejo correto dos resíduos, ficam expostos à contaminação bacteriana na própria água usada para consumo humano.

“O importante é que se trabalhasse a sensibilização, capacitação, aspectos de mobilização social que tem muito a ver com a característica do rural brasileiro. Nós temos que pensar que o saneamento rural é diferente do urbano. Enquanto que o morador da cidade, do ponto de vista sanitário, a obrigação dele é fazer a ligação da rede de esgoto da residência com a cobertura e daí o problema é do município. Quando se está na área rural é completamente diferente, uma vez que o morador precisa ser um parceiro”, conclui.

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