O déficit da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) deve chegar a R$ 23 milhões, ante R$ 14 milhões previstos anteriormente, com os novos bloqueios no orçamento federal. No final do mês passado, a gestão Jair Bolsonaro (PL) anunciou R$ 3,2 bilhões em congelamento para viabilizar o reajuste dos servidores públicos federais.
Segundo a gestão universitária, o novo corte ocorre em momento em que a UFSCar amplia a realização das atividades presenciais para a totalidade em seus quatro campi. O bloqueio de 14,5% de verbas do Ministério da Educação (MEC) é “estarrecedora notícia”, na opinião da instituição.
Para a UFSCar, a reitoria calcula bloqueio de R$ 9.378.539, medida que “compromete seriamente o funcionamento diário da universidade e impacta, direta e indiretamente, o andamento de importantes obras, a manutenção de infraestrutura e ações do Programa Nacional de Assistência e Permanência Estudantil (Pnaes), gerando prejuízos não só a toda a comunidade universitária, mas à sociedade e ao futuro do nosso país.
Contas comprometidas
O orçamento da UFSCar para 2022 já estava deficitário em R$ 14 milhões, o que levou a redução significativa de ações, como suspensão da descentralização de recursos para unidades administrativas e acadêmicas (o que dá autonomia para planejamento de ações), manutenção de infraestrutura predial, manutenção e modernização de laboratórios de ensino e compra de insumos para aulas práticas, dentre outras, afirma a universidade.
Com o bloqueio implementado por meio de decreto no último dia 30 de maio, o déficit total dos recursos de custeio da UFSCar chega a R$ 23 milhões. Se mantido, o orçamento da UFSCar para 2022 cai de R$ 41 para R$ 32 milhões, resultando em esgotamento dos recursos 2,5 meses antes do fim do ano, além da necessidade de suspender manutenções emergenciais no retorno às atividades presenciais que estavam previstas e, também, no comprometimento do término do processo de implantação do Campus Lagoa do Sino.
“Há, portanto, neste momento, grande risco, não apenas à UFSCar, mas ao ensino superior público e à ciência e tecnologia, que vêm sofrendo cortes cumulativos desde 2015. O estrangulamento orçamentário se intensifica no momento em que as Universidades e Institutos Federais mais precisam de recursos, uma vez que terão seus custos de funcionamento aumentados dada a retomada plena das atividades presenciais e o cenário de alta inflação”, afirmou a UFSCar em nota.
A Federal afirmou que “segue mobilizada” e conclamou sua comunidade a “se somar à administração neste movimento, pela urgente necessidade de desbloqueio destes recursos e recomposição orçamentária”.