SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma em cada três empresas brasileiras cita a existência de trabalhadores em licença por Covid-19 entre os problemas enfrentados durante a pandemia.
O número é parte da sondagem especial realizada pelo FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) em abril.
Os dados mostram que setores que enfrentaram menos restrições de funcionamento neste ano são aqueles com maiores índices de empresas que citam a questão da contaminação de funcionários.
No geral, 34% das empresas reportaram afastamento de funcionários aos pesquisadores. No levantamento anterior, realizado em outubro do ano passado, eram 22%.
Na indústria, o percentual passou de 24% para 42% nesses seis meses. O segmento de vestuário se destaca nos dois levantamentos com os maiores percentuais, ambos próximos de 75%.
Na construção, passou de 25% para 39%, chegando a 47% nas edificações residenciais.
No comércio, que enfrentou mais restrições, o número continua em torno de 25%. Hiper e supermercados, que são serviços essenciais e não fecharam, apresentam percentual acima da média do setor (31%).
Nos serviços, as empresas que citam afastamentos passaram de 18% para 32%, resultado puxado por segmentos como serviços administrativos, transporte rodoviário e armazenagem e correio, todos em torno de 40%.
O levantamento do Ibre também mostrou aumento de problemas psicológicos de funcionários decorrentes do isolamento social, de 6% para 7,8% das empresas. Houve crescimento em todos os setores, exceto no comércio.
Foram consultadas 4.046 empresas de 1º a 28 de abril em todo o país, por telefone e formulário eletrônico.
Gregori Pizzanelli Leccese, sócio de uma malharia retilínea de pequeno porte na capital paulista, afirma que muitas companhias do segmento têxtil reduziram o número de funcionários desde 2020 e trabalham com o mínimo necessário para atender a demanda.
A empresa fornece peças de vestuário para marcas tradicionais e sofre, indiretamente, com a redução nos pedidos e o fechamento do comércio por causa da pandemia.
A malharia já teve o afastamento de uma colaboradora que testou positivo para Covid-19 e de outros trabalhadores com suspeita, mas que tiveram resultado negativo. Também convive com casos de prestadores de serviços ou fornecedores que enfrentam o mesmo problema, afetando a cadeia de fornecimento e a manutenção de maquinário.