O Aeroporto Mário Pereira Lopes, de São Carlos (SP), poderá receber voos comerciais de pequeno porte no futuro. O modelo, semelhante ao já existente em Jundiaí, é conectar destinos regionais como linhas de alimentação para a malha aeroportuária, levando clientes a hubs.
A proposta não é tratada como promessa pelo CEO Marcel Moure, da Rede Voa, a nova concessionária do local, tampouco como exercício de “futurologia”, mas como meta para que toda a infraestrutura esteja “preparada para” criar condições de o próprio mercado trazer voos para o município. A administração nova deve ter controle total do aeródromo a partir de 1º de março, depois de uma gestão conjunta com o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp).
“A nossa empresa vai preparar a quadra, não temos uma gestão de empresa aérea. O que eu posso garantir é que já interesse de virem para São Carlos. Em Araraquara isso certamente acontecerá. Mas como isso vai ser e em que medida seria um exercício de futurologia, mas posso atestar que o aeroporto estará em condições”, afirma.
A proximidade entre o Mário Pereira Lopes e o Bartolomeu de Gusmão (Araraquara) não trazem empecilho para que as duas cidades operem voos comerciais. Em Araraquara há “vocação comercial” para a pista, segundo o presidente da Rede Voa, mas os aeroportos não devem competir entre si. “Nossos maiores competidores são a Rodovia dos Bandeirantes, a Castelo Branco, a Anhanguera e a cultura natural do brasileiro de usar o meio terrestre”.
Para Moure, São Carlos e Araraquara poderão ter perfil semelhante ao aeroporto de Jundiaí. O município fica a 40 km do Aeroporto de Viracopos, a 65 km do Aeroporto de Congonhas e a 77 km do Aeroporto de Guarulhos. Ainda assim opera voos da Azul Conecta para Curitiba. A passagem para a capital paranaense custa pouco mais de R$ 200.
“A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) já sinalizou possibilidades concretas de ter voos comerciais em São Carlos e Franca. Se me perguntar: que tipo voo vai ter?. Isso é uma equação que requer outras variáveis do projeto. Às vezes voos menores, viagens de conectividade”, relata.
Para Moure, o Centro de Manutenção da Latam, principal atividade e “vocação” do aeroporto são-carlense neste momento continuará a ter papel importante no aeródromo no futuro.
“Então existe um centro de manutenção que estará integrado ao aeroporto. Não tenho a menor dúvida disso. Esse centro inicialmente ficava meio independente do processo, como se tivesse a pista e o centro. Nós vamos fazer com que eles caminhem de mãos dadas neste projeto”, comenta.
Os R$ 14 milhões em investimentos serão desembolsados de forma faseada. Em um primeiro momento, esclarece Moure, serão usados recursos para uma manutenção emergencial, de forma que o aeroporto garanta todas as exigências de continuar operando.
No decorrer do primeiro ano a empresa montará projeto a ser submetido ao governo paulista com o cronograma dos investimentos obrigatórios. Sinalização, iluminação, reparos mais custosos entrarão nesta soma. Após os cinco anos os investimentos virão conforme a resposta da demanda por serviços aeronáuticos na cidade.
“Não tem como achar que é só a concessionária que faz esse jogo. O importante é o todo. É preciso ter esse plano de investimento. O nosso master plan tem que estar alinhado ao do município. Precisamos que o nosso crescimento esteja atrelado ao das cidades”, conclui.