A indústria de tapetes aproveitou a onda do isolamento social, que mudou o foco das famílias para o maior conforto dentro do lar. Em São Carlos, uma tradicional fábrica têxtil registrou aumento de 30% nas vendas em 2020. Em 2021, no entanto, houve uma reversão na tendência, por conta dos fechamentos promovidos em diversos estados com a chegada da segunda onda da pandemia.
Segundo Guilherme Gomes, gerente comercial da tecelagem, houve um susto há um ano com o fechamento completo da economia, mas com a reabertura comercial ocorrida no final do primeiro semestre, a indústria teve um arranque, com altas nos pedidos. “É um crescimento muito grande em um mercado acostumado a ter 3%, 4% de aumento ao ano. Crescer 30% é realmente um número absolutamente alto e isso deixou todo mundo entusiasmado”, comenta.
Para atender a demanda, a fábrica precisou aumentar o número de turnos, colocar equipes novas, alongar os prazos de entrega de 30 para 90 dias. A massa de trabalho, que era de 500 funcionários, chegou a ser expandida em 20% por um tempo para dar conta do recado.
As vendas online contribuíram para manter o faturamento em alta no ano passado. Segundo o gerente, a fatia passou de 2% para 15% na indústria. E ainda há espaço para crescer.
“O e-commerce continua crescendo neste ano, enquanto que o varejo físico está caindo. Nos três meses fechados houve queda de mais de 30% no físico e crescimento de 25 a 30% no eletrônico”, compara.
Para trocar o sinal e começar a ter resultados positivos, o varejo físico depende da consistência da abertura da economia. São Paulo está na fase de transição do Plano São Paulo, etapa mais relaxada do que a vermelha, porém, mais restritiva do que a laranja. “A economia tem uma vitalidade própria, há uma recuperação bastante rápida.”
Apesar da queda temporária nas vendas, Gomes aposta numa retomada. O consumidor está com as suas atenções voltadas ao ambiente doméstico e tem tentado deixar a casa mais confortável, segundo a arquiteta e professora do curso de design de interiores do Senac Camila Postigo dos Santos.
“Percebemos que desde o começo da pandemia é que como as pessoas estão usando mais os ambientes da casa, aumentou a preocupação com esse bem-estar e conforto no lar. As pessoas ficaram preocupadas em ter quadros na parede, decoração, prateleira e ambientação”, comenta a docente.
A professora complementa que os tapetes têm outras funções além de forrar o chão. Ele traz conforto tátil e térmico, principalmente em dias frios. Há ainda questões que envolvem a acústica do ambiente e aspectos visuais.
“Tem um efeito de demarcação de espaço, ajuda no desenho e no layout. Dependendo da cor do tapete pode causar efeito de diminuição ou ampliação do espaço”, comenta.
Segundo a designer de ambientes, o tapete é uma opção mais barata rápida para dar um tapa no visual de ambientes, permitindo renovar o local sem precisar trocar de móvel ou então pintar uma parede.
“Há pessoas com receio de colocar cor em parece ou comprar um sofá colorido. O tapete tem um valor aquisitivo um pouco menor se comparado com outros itens de marcenaria e com o próprio sofá. Ele proporciona uma informação de cor, espaço e textura diferenciados”, explica.
A especialista explica ainda que na hora de escolher o tapete é necessário observar alguns aspectos, como a manutenção do acessório.
“O algodão dá conforto maior no tato, é mais fofo e ajuda mais na acústica. Já o poliéster é menos confortável, mas é mais fácil de limpar”. “Se a pessoa tem um bicho ou criança em casa precisa ponderar isso também”, aconselha.