Após meses com o preço caro, azedando o café da manhã das famílias da região, o leite está mais palatável neste meio de ano. Foram quatro meses alta e a redução ocorre em uma época em que tradicionalmente há mais aumento ainda, devido aos pastos secos.
O produto que era encontrado a R$ 5,30 nos supermercados da região em meados de abril, caiu para R$ 4,59 em junho e chega agora a R$ 4,30.
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A empresária Amanda Trica pechincha na hora de comprar o leite no supermercado. É uma forma de economizar e combater a inflação doméstica.
“Eu costumo pesquisar por marca, o [leite] que está mais acessível dentro da qualidade, aí vai esse”, afirma.
A redução do preço do leite vem após sucessivos aumentos que elevaram em 12% o valor do produto entre janeiro e abril. Apesar da redução, o preço ainda está longe do orçamento de muitas famílias, principalmente as mais pobres. Mas, de fato, se trata de uma boa notícia.
Conforme a pesquisadora Natália Gricol, do Cepea/USP, a redução do preço do leite tem uma explicação e ela vem do campo.
“As pesquisas do Cepea mostram que o preço do leite cru captado pelos laticínios em maio caiu 6,2% em relação a abril. Essa é a primeira queda nos preços desde dezembro de 2022 e também a primeira vez em que o preço no campo fica abaixo do patamar verificado no ano passado”, observa.
Nesta época do ano, em plena entressafra, o preço deveria estar em movimento de aumento. Entre o outono e o inverno, as chuvas ficam mais raras, o que reduz o crescimento das pastagens, de acordo com Natália.
“Limita a quantidade e a qualidade das pastagens e, com isso, a nutrição animal fica mais cara, impactando negativamente a produção”, relata.
A queda dos custos chegou às prateleiras dos supermercados. No estabelecimento gerenciado por Dante Verdolini, os preços estão mais atrativos nos últimos dois meses.
“Sempre que o leite sobe as pessoas reclamam da alta e acabam consumindo menos. Leva somente o que vai consumir. Quando está mais baixo, acabam levando caixas fechadas justamente para estocar por causa de um eventual aumento de preços”, afirma.
Já no campo, a história é um pouco diferente. O produtor rural Gabriel Malta Dotta e Silva afirma que a redução limita o fôlego financeiro das propriedades, apesar da redução dos custos de produção.
“É um momento que teríamos um fôlego financeiro maior para se preparar para a safra e também pensar em outros investimentos, né? Já que o preço tem uma tendência de alta no inverno. Pensávamos em realizara alguns investimentos, mas com essa inversão de tendência, estamos repensando, junto com os juros [altos], e vamos segurar um pouco essa tomada de decisão”.
Para os próximos meses, a expectativa dos economistas é de novas quedas. A maior disponibilidade de lácteos, devido à retração do consumo, aumento das importações e redução dos custos devem ajudar neste prognóstico.
“Eu ganho salário-mínimo, quanto mais baixo vir para a gente é melhor, com certeza”, afirma o aposentado Luiz Rubio.
*Com EPTV.
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