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EconomiaBolsa de valores tem atraído mais investidores em São Carlos

Bolsa de valores tem atraído mais investidores em São Carlos

Baixo rendimento da poupança, títulos do Tesouro e fundos de investimentos têm feito com que mais são-carlenses busquem alternativas de maior risco e retorno

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Novos investidores estão se aventurando na bolsa. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O sobe e desce de ações pode deixar a maioria dos brasileiros sem entender, mas o número de pessoas dispostas a ganhar dinheiro no mercado financeiro é cada vez maior em São Carlos. Assessorias de investimentos locais apontam alta nas aplicações em bolsa de valores em plena pandemia de Covid-19.  

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Segundo economistas da área ouvidos pelo ACidade ON, o público que procura as agências de assessoria é, em sua maioria, de classes mais altas, mas a classe média tem “despertado” a esse filão de investimentos, sobretudo de olho no desempenho das ações a longo prazo.  

Ações são pequenas partes de uma empresa e uma pessoa que compra essa fatia pode se considerar como sendo sócia da firma. Quando listadas em bolsas, como a B3 (antiga Bovespa), suas cotações sobem e descem conforme vão chegando notícias sobre o desempenho da companhia, lucro, notícias econômicas e turbulências políticas, como as que vem ocorrendo no Brasil ultimamente. É nessa flutuação que muitos ganham dinheiro em aplicações.  

O atual cenário econômico brasileiro, com a Selic, a taxa básica de juros local a 2%, é pouco atrativo para a compra de títulos de dívida pública. Com a remuneração em baixa, muitos investidores acabam perdendo dinheiro frente a inflação, acumulada em 4,52% em 12 meses finalizados em dezembro. Outro fator que “empurra” o aplicador à bolsa é a o desempenho dos fundos de renda fixa, segundo o economista Guilherme Maciel Manso.  

“Temos uma taxa de juros que não é tão interessante e isso faz com que as pessoas diversifiquem para as ações. Os investidores tiram dinheiro das aplicações que até pouco tempo eram tidas como vantajosas, incluindo a poupança, e passem para ativos com maior volatilidade e exposição a risco. Então a gente percebeu uma maior demanda neste sentido”, comenta.  

A volatilidade, vista como nunca em tempos de pandemia, pode assustar muitos candidatos a investidores, sobretudo os que estão começando agora. E muitos estão buscando orientações de analistas, como o economista Guilherme Blotta, que viu sua carteira de clientes aumentar em 2020.   
 

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Jovens e mulheres têm participação crescente dentre os investidores da B3, a bolsa de São Paulo. Crédito: Agência Brasil

“Esse ambiente de insegurança e incertezas fez com que os investidores enxergassem o real valor de nossa profissão de assessor de investimentos, que é quem está ao lado ajudando, explicando e orientando”, pontua Blotta.  

Em ambas agências locais, houve aumento tanto do número de clientes, mas também na carteira, ou seja, os valores aplicados em bolsa. Por questões contratuais as agências não informaram os valores investidos, mas ambos economistas dizem que houve mudança de comportamento mesmo entre os clientes que já se aventuravam na bolsa. Quem quer maior rendimento precisa assumir mais riscos.  

“A exposição é diferente (na bolsa), o tipo de ativo diferencia e o cliente precisou mudar o ponto de vista dele, mudar a percepção de exposição a risco, volatilidade e tudo mais”, relata Manso.  

Nem todos os investidores buscam orientação e dicas de profissionais. O serviço continua restrito entre as classes mais altas. Muitos buscam informações na internet, em canais no Youtube que buscam ensinar o passo a passo dos investimentos. O método tem muitos adeptos, mas traz alguns riscos adicionais, de acordo com a professora de Economia Paula Velho.  

“Há vídeos ensinando, mas é preciso tomar muito cuidado, pois existem interesses por trás de quem está estimulando a comprar ações de determinada empresa. Então, nem sempre aquelas todas informações que estão disponíveis são informações 100% sérias”, comenta.  

A professora também salienta que alguns canais induzem efeito manada em algumas ações. “Compram ações de uma empresa e querem que o preço dela suba, daí estimulam, instigam as pessoas a comprarem aquele papel”, explica.  

Segundo a economista, o movimento dos brasileiros à bolsa tem mostrado um novo perfil do investidor nacional. A proporção de mulheres e jovens tem aumentado. Entre abril de 2019 e abril de 2020, 2 milhões de pessoas iniciaram a sua jornada de investimentos. De acordo com a B3 o novo investidor é jovem, de 32 anos, com aplicação inicial de R$ 660, com visão de longo prazo. Mais de um quarto das novas contas são operadas por mulheres.  

“São jovens que estão comprando de ações visando o longo prazo. O mercado é bem diversificado e tem meios de comprar e vender as ações no mesmo dia. O que os jovens estão fazendo é usar a opção de compra visando o longo prazo, que é comprar e segurar o papel”, explica a docente.  

Esse movimento é sentido de maneira mais tímida nas carteiras de clientes das agências em que Manso e Blotta atuam. A maioria é do sexo masculino, com perfil etário superior a 40 anos e alta renda. Entretanto, alguns dos investidores que chegam têm uma faixa etária mais jovem.  

“Eu vinha fazendo um trabalho muito próximo aos universitários daqui antes da pandemia sobre educação financeira e investimento em bolsa. É muito comum nas universidades as ligas do mercado financeira, nas quais jovens interessados discutem onde investir no mercado. Acho que os jovens estão muito preocupados em formar capital e investir o quanto antes”, relata Blotta.  

Para a professora de Economia, as mudanças na Previdência Social e as perspectivas de aposentadoria cada vez mais distante, tem gerado um sentimento de urgência de formação de reservas e de enriquecimento nos jovens. Isso pode explicar em parte esse movimento de compra de ações.  

“Jovens que buscam poupança, de meios que de poupar a longo prazo com rendimento maior, e também existem empresas, pessoas jurídicas estão diversificando seus portfólios e comprando ações”, finaliza Paula.

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