São Carlos, a Capital da Tecnologia, está em posição intermediária no ranking 2022 de Cidades Amigas do 5G, divulgado pela Conexis Brasil Digital, entidade que representa empresas de telecomunicações e de conectividade.
Na 44ª posição, o município está atrás de Limeira (20ª), Marabá (Pará, 30ª) e Águas Lindas de Goiás (33ª), mas ainda em melhor situação do que Ribeirão Preto (58ª) e Araraquara (68ª).
O ranking leva em consideração as 150 maiores cidades do Brasil e mede o quanto elas são amigas do 5G levando em consideração como atualização da legislação de antenas, balcão único (quando as operadoras conseguem concentrar todas solicitações em único órgão da prefeitura), burocracia clara e rápida e emissão de autorização em até 60 dias. Lideram a lista Ponta Grossa (PR), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).
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Anderson Criativo, uma das principais vozes em São Carlos quando o assunto é tecnologia e inovação, afirma que esperava uma posição melhor para a cidade, chamada de Capital da Tecnologia. O avanço para o 5G é fundamental para o desenvolvimento da cidade, que possui um ecossistema de startups.
“Em tese a gente deveria estar muito atento às novas tecnologias e fazendo um trabalho como cidade para se posicionar para ser referência”, opina.
Na opinião de Rodolfo Meneguette, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos, falta maior interlocução entre academia e administração municipal para o desenvolvimento de processos que facilitem a chegada do 5G ao município.
São Carlos ainda está longe de receber a primeira antena de 5G, verdade, mas existe a possibilidade de municípios bem preparados para a nova tecnologia “pular” o cronograma e ter a instalação adiantada pelo comitê que gere a implantação da tecnologia no país. É que cidades maiores – e que estão à frente no processo – não são tão amigáveis e têm excesso de burocracia, além de legislação falha. Estes municípios ficariam para depois.
“Embora seja considerada a Capital da Tecnologia, com grandes centros de pesquisas por aqui, acho que falta um pouco de eliminar a burocracia, ter uma maior aproximação com os centros para verificar as possibilidades de instalação, pensar como é a geografia da cidade e como isso vai impactar na vinda do 5G”, afirma o pesquisador.
Por outro lado, o secretário de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação, José Galizia Tundisi, afirmou que tem trabalhado para aumentar a rapidez na emissão de autorizações para novas antenas de telecomunicações.
“E não podemos esquecer que temos um sistema de fibra óptica em muitas regiões da cidade que podem ser um ponto de auxílio muito importante para a tecnologia 5G”, observou.
Nova revolução tecnológica
Para Anderson Criativo, a chegada do 5G deve fazer com que o desenvolvimento tecnológico ultrapasse novas fronteiras, inclusive no campo de políticas públicas.
“Tem muitas coisas legais, aplicações imaginadas para o 5G que têm a ver com cidades inteligentes. Para o município conseguir, enfim, melhorar a sua gestão. São indicadores da cidade por meio de monitoramento, tem o lado da telemedicina. Há, ainda, os carros autônomos, essas coisas que serão possíveis no futuro”, enumera.
Meneguette ressalta que o usuário terá nova experiência relacionada ao rol de novos serviços que vão aparecer com a chegada do 5G. “Tem a realidade aumentada. Vários hospitais estão aplicando isso na telemedicina, que ficou muito forte na pandemia. O 5G vai trazer transmissão de informações muito mais rápida”.
Legislação e burocracia são obstáculos
O ranqueamento dos municípios entre os mais e menos amigáveis ao 5G desnuda dificuldades legais e de burocracia enfrentada pelas prefeituras de diversos municípios brasileiros.
Em algumas localidades, por desconhecimento ou outras prioridades, operadoras enfrentam “via crucis” para instalar uma única antena de telefonia.
O 5G é potente, tem baixa latência e responde muito rápido, mas o calcanhar de Aquiles é a cobertura bem menor do que o 4G de hoje. Se a burocracia para uma antena pode ser tremenda, ela se multiplica quando diversas solicitações são realizadas. Para cobrir a mesma área do 4G, o 5G exige ainda mais antenas.
De acordo com dados de setembro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), compilados pela Conexis, São Carlos possui 128 antenas de telecomunicações, das quais, 109 propagam sinal 4G, mais moderno padrão de comunicação até a chegada do 5G. O total de antenas de hoje dá sinais do tamanho do desafio que São Carlos enfrentará no futuro, que todos esperam que seja bem próximo.
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