Pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (CreciSP) mostra crescimento de 60,6% nas vendas de imóveis na região de São Carlos (SP), com predomínio de negócios até R$ 300 mil e do financiamento.
O levantamento do conselho ouviu 38 imobiliárias de São Carlos, Araraquara e cidades vizinhas.
Segundo os negociadores, há maior preferência por casas, 54,2% dos contratos assinados. Outros 46,8% são apartamentos. Metade das compras foi feita mediante financiamento da Caixa Econômica Federal, operadora do programa Casa Verde Amarela.
Para o presidente do CreciSP, José Augusto Viana Neto, os negócios imobiliários na cidade têm sido movimentados pela classe média.
“O interessante é que 80% dessas vendas foram de imóveis de até R$ 300 mil. Não são de alto padrão, são de classe média. Há imóveis entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, exatamente aquele público que cabe dentro das propostas de financiamento dos bancos que se interessam pelo mercado imobiliário”, opina.
Os consumidores da região têm demonstrado predileção por casas e apartamentos de até 100 metros quadrados. Com o preço alto, opções menores têm caído no gosto dos compradores. Entre os apartamentos, 100% têm até essa metragem, participação que fica em 44,4% entre os imóveis térreos.
Os movimentos do mercado imobiliário são sentidos pelas construtoras, que aproveitam o bom momento para zerar os estoques e promoverem novos empreendimentos. Apenas um dos players de São Carlos lançou R$ 450 milhões em lançamentos. São 60% a mais do que em 2020, em cenário que mostra franca expansão desde 2019.
“Nós temos acompanhado o mercado. Também observamos grande aumento no número de vendas. Para que se tenha uma ideia, até setembro vendemos mais do que no ano passado, isso faltando três meses para acabar 2021”, afirma José Pedro Donadon, diretor comercial de construtora.
Nas imobiliárias, os negócios têm sido mais frequentes neste ano do que no ano passado. Consenso entre os que estão no mercado aponta que o interesse das famílias é crescente, mas o apetite dos investidores tem empurrado os números para cima, principalmente em tempos que a bolsa e a renda fixa têm preocupado.
“Tanto em vendas quanto em locação estamos com alta forte. Estamos em um ano muito bom, com aumento significativo”, Frederico Oehlmeyer, diretor de imobiliária em São Carlos.
O aquecimento da construção civil reflete em contratações. Até agosto, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostra que 439 carteiras foram assinadas em São Carlos. No Estado de São Paulo, 61,7 mil empregos foram gerados no setor.
Atenção aos preços
Alta no dólar, pressão da demanda por materiais e insumos e inflação puxaram para cima o Índice Nacional de Custo de Construção Disponibilidade Interna (INCC-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que fechou agosto em 16,7% nos últimos 12 meses. Em agosto do ano passado, a inflação da construção estava em 4,5%.
Os preços em alta têm feito com que equipes de construtoras sofressem com os recálculos de custos dos empreendimentos. O esforço é para que os lançamentos sejam incluídos no programa Casa Verde e Amarela, do governo federal.
Para fazer frente à inflação, o Conselho Curador do FGTS atualizou em 10% os preços nas capitais e em 15% em outros municípios a tabela de valores máximos dos imóveis. As faixas de subsídios, porém, permaneceram as mesmas.
“Esperamos um fim de ano bem aquecido, com o aumento do teto. Isso deve impactar. Os imóveis estão muito no limite do teto do programa”, finaliza Donadon.
