Depois de um 2020 com abertura de vagas, o setor de tecnologia da informação (TI) em São Carlos (SP) engatou mais um semestre com contratações e expansão de mão-de-obra. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostra que as empresas locais assinaram 261 contratos via carteira de trabalho. Nos últimos 12 meses foram 439 novos postos.
Os números refletem parte do mercado de trabalho da tecnologia da informação da cidade, uma vez que muitos que têm o código binário como ganha pão são “donos do próprio passe”, sócios de empreendimentos, ou trabalham como PJ (pessoa jurídica).
Para Anderson Criativo, CEO e cofundador do Onovolab, a geração de empregos no setor de tecnologia é “barata”, uma vez que, diferentemente da indústria que necessita de altos investimentos em parque fabris, é possível criar com “um laptop conectado à internet”. “Então é muito animador ver que esses empregos de tecnologia estão com saldo positivo de curto prazo e vão ter também na década inteira”, vaticina.
A animação de Anderson vem do fato de um movimento de interiorização dos hubs de tecnologia de informação. São Carlos tem um ambiente propício para a inovação e formação de startups e pode atrair mais escritórios de empresas sediadas na capital paulista, que já veem dificuldades em contratar novos profissionais.
“O que ocorreu nos últimos dois anos, principalmente, é uma estagnação das contratações possíveis nas capitais. Isso faz com que ao longo dessa década, tenho dito isso, que esse movimento só está no começo. Essas contratações vão ocorrer no interior, não tenho dúvidas disso”, relata.
Levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostra que houve valorização salarial dos profissionais de TI, de R$ 6.020 para R$ 9.364, de setembro de 2020 a março de 2021, levando em considerações as capitais de SP, RJ e MG. Com o salário parelho entre capital e interior, os profissionais tenderiam a optar pelo custo-benefício de morar distante de São Paulo. “Ele prefere ficar no interior, porque o dinheiro rende muito mais”.
Em São Carlos, dos 261 empregos criados no setor, 154 foram para atividades de desenvolvimento e licenciamento de softwares não customizáveis. Outros 71 foram para empregos ligados ao desenvolvimento de programas sob encomenda e 23 para desenvolvimento de aplicativos customizáveis.
O Caged ainda mostra haver 1.293 vínculos empregatícios ativos na cidade, o que reflete parte do mercado real. “Tem a ver com o fato de São Carlos ter muitas startups, com menos contratos via CLT, mas nos próximos anos, vão celetizando seus profissionais, num ciclo relativamente natural”, comenta.
Vem mais aí
Para o economista Cláudio Paiva, o setor se adaptou bem à realidade pandêmica. Na lógica do “computador com internet”, adaptou-se à realidade de ter a sala de casa transformada em escritório e cresceu quando tudo na economia estava parado.
“Tem crescido e vai crescer no pós-pandemia, dados a demanda por novos softwares, nos apps. A renda neste setor é elevada, então São Carlos tem se beneficiado de maneira muito fundamental nestas atividades, sobretudo porque a quantidade de empregos criados é significativa”, comenta.