São Carlos (SP) formalizou 3.060 novos microempreendedores individuais (MEIs) no período de 12 meses finalizado em janeiro. A informação é do Ministério da Economia, com dados consolidados até domingo (31). As altas taxas de desemprego, queda na renda e a pandemia de Covid-19 formam um contexto apropriado para a formalização de novos pequenos negócios. São Carlos acompanhou o movimento nacional, no qual os MEIs já representam 56,7% das 19,9 milhões de empresas ativas no país.
Com o aumento, o número de empreendedores em São Carlos chegou a 19.361, com presença cada vez maior de mulheres e jovens. No final de janeiro de 2020, eram 16.301 inscrições ativas. Tanto atividades tradicionais quanto as emergentes têm sido um chamariz na hora da formalização.
Segundo o economista Paulo Cereda, a crise econômica em que o Brasil está imenso desde pelo menos 2016 explica o aumento do número de empreendedores formalizados. “Estamos em crise, com elevado desemprego, e as pessoas buscam empreender uma vez que não conseguem se colocar no mercado de trabalho. Em 2020, muito embora não tivéssemos um cenário positivo para empreender, com elevado número de incertezas, queda nas vendas, lockdown e pandemia muita gente perdeu o trabalho, viu sua renda diminuída por conta da pandemia. Isso explica o fato de um ano de tanta incerteza você manter uma taxa de abertura acima de 2019 no ano anterior”, analisa.
Dados do Ministério da Fazenda mostram ainda a presença feminina entre os MEIs, com 48% dos pequenos negócios ativos encabeçados por mulheres. Os outros 52% são encabeçados por homens. A diferença já foi maior no passado. “As mulheres têm puxado numericamente esse número com 48% de formalização, têm anos que elas são a maioria formalizando, até por conta da complementação da renda familiar, com alguma atividade que já faz em casa ou que tem algum domínio, como vender roupas, bijuterias, serviços de beleza e alimentação”, explica.
A diferença entre homens e mulheres é refletida no balanço apresentado pelo Ministério da Economia. Entre cabeleireiros, por exemplo, três em cada quatro são do sexo feminino. Já entre os prestadores de serviços de obras de alvenaria, 97% são homens.
Segundo o Ministério da Economia, o comércio digital mostrou 40% de crescimento no ano passado. Os dados mostram que o número de empresas abertas em 2020 foi puxão por comércio varejista de vestuários; promoção de vendas, cabeleireiros, manicure e pedicure; e fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar.
No recorte etário, dos 19 mil MEIs inscritos em São Carlos 20,7% têm menos de 30 anos. Outros 29,5% têm entre 31 e 40 anos e 24,3% têm entre 41 e 50 anos. Os empreendedores com mais de 50 anos representam 25,5% do total.
Segundo o Cereda, enquanto que a abertura de um MEI é fácil e via internet, a manutenção de um negócio exige algumas responsabilidades, como controle de contas, burocracia e posicionamento no mercado.
“Não se pode fazer por fazer, lançar-se em qualquer atividade sem que antes tenha ideia minimamente do que está fazendo, das necessidades do mercado que vai atual, qual o público que pretende atender. Pode empreender, é uma boa ideia ser o dono do próprio destino, mas é importante que se capacite, ter boa gestão e buscar oportunidade de negócios para isso”, completa.