Há 30 anos, o início da circulação do Plano Real teve confusão e briga na hora de converter para a nova moeda e, em poucos dias, o comércio do município já teve ocorrência de cédula falsa em circulação.
São histórias já esquecidas por muitos mas que constam gravadas nos jornais de época encontrados na hemeroteca da Biblioteca da Câmara Municipal de São Carlos.
Há exatos 30 anos o Brasil experimentava uma nova moeda, o Real. Testar novas cédulas, valores e realizar conversões, infelizmente, já era um hábito dos brasileiros que estavam acostumados ao inferno da hiperinflação.
Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzado, Cruzado Novo, com centavos, sem centavos, põe zero, tira zero. Cifras, milhões, bilhões e idas ao supermercado com cédulas e mais cédulas de dinheiro para fazer as compras. O horror das remarcações duas, três vezes ao dia. Tudo isso acabaria com o Real.
Para os brasileiros, o que era para ser mais uma tentativa das autoridades econômicas de fazer o certo acabou vingando. Não sem solavancos na Capital da Tecnologia. Confira abaixo algumas histórias contadas nos jornais da época, como o “A Tribuna” e “Primeira Página”, de São Carlos.
Remarcações nos primeiros dias
Diversos consumidores reclamaram em São Carlos que o vício da remarcação se manteve nos primeiros dias de vigor da nova moeda.
Nos supermercados, o preço do arroz subiu de R$ 3,60 para R$ 4,36, em aumento considerado abusivo por consumidores.
Em edição de julho do A Tribuna, populares reivindicavam a publicação de tabelas com preços dos “gêneros e produtos de primeira necessidade” para fiscalização nos supermercados.
Parada técnica na Prefeitura
A troca do Cruzeiro Real para o Real motivou o fechamento de todas as repartições públicas do município em 5 de julho.
O motivo, alegado na época, era a introdução da nova moeda.
O recesso de um dia não atingiu serviços essenciais, como água, postos de saúde e prontos-socorros.
Olho roxo por conversão
Cliente e dono de lanchonete se desentenderam ao fechar negócio na rua Dona Alexandrina, na região Central.
Um carpinteiro de 27 anos disse não estar de acordo com a conversão feita pelo comerciante, de 40 anos.
A querela evolui para agressões, com o cliente levando “de brinde” um soco no olho, causando um hematoma roxo. Ele não quis ir ao Pronto-Socorro Municipal, mas foi até à delegacia registrar a injustiça.
Pelo jeito, cliente e comerciante ignoraram as inúmeras tabelas de conversão publicadas nos jornais da época.
Confusão entre moedas
A semelhança entre as moedas de R$ 0,50 e CR$ 50 poderia causar confusões na população, com a indicação das autoridades monetárias de que todos prestassem atenção para não acabar jogando dinheiro fora com a conversão.
Feita na correria, as moedas do Real acabaram se assemelhando com as do Cruzeiro Real. No uso, a diferenciação se dava pelo verso, que trazia a efígie da República, a mesma das cédulas do Real.
Primeira nota falsa
Mal chegou às mãos dos consumidores e o Real já tinha versão falsificada na praça.
Era uma nota de R$ 10 que foi notada por uma caixa da Droga Raia da Avenida São Carlos. A funcionária percebeu o “privilégio” na tarde de um domingo (10/7/1994).
Entre as diferenças notadas estavam o tamanho, um pouco menor, e a marca de microfilme um pouco mais forte.
A cédula fajuta foi entregue à Polícia Civil.
Preços da época
No início do Plano Real, era possível comprar uma lata de cerveja Brahma de 350 ml por R$ 0,39 (hoje, R$ 3,19); o achocolatado Nescau de 500g era vendido a R$ 1,25 (hoje por R$ 15,15 o pacote semelhante).
Tabloide do Jaú Serve mostra, ainda, que o quilo da linguiça toscana Perdigão era R$ 2,20. No mesmo estabelecimento, hoje, o valor está em R$ 34,95, no aplicativo.
O salário mínimo quando da conversão era de R$ 64,79, segundo as publicações locais.
Anúncios publicados nos classificados de São Carlos mostravam o quanto custavam as coisas no início do Real. Por exemplo, na festa da Igreja de São José, na Vila Monteiro, a feijoada custava R$ 7, valor que era convertido para as obras do templo.
Já um curso de vagonite, um tipo de bordado muito em voga nos anos 1990, saía por R$ 6 a mensalidade. Outra “moda” da época, o pastor alemão capa preta, custava R$ 70, o macho.
Na época, dado ao medo da inflação, era muito comum anúncios dolarizados, como carros e imóveis. Um apartamento de dois dormitórios, por exemplo, era anunciado por US$ 60 mil. Um Volkswagen Apollo usado, ano 1991, US$ 11,2 mil.
Em moeda local, uma Chevrolet Caravan 1976 valia “somente” R$ 2 mil. Já um Fusca 1965, raridade hoje em dia, R$ 854,54. As pechinchas constam da “bolsa de veículos”.
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