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EconomiaJustiça encontra R$ 3 bi esquecidos em contas de empresas e trabalhadores e procura donos de dinheiro

Justiça encontra R$ 3 bi esquecidos em contas de empresas e trabalhadores e procura donos de dinheiro

Justiça do Trabalho está em busca dos donos das quantias; levantamento foi feito pelas corregedorias locais dos 24 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs)

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Auxílio Emergencial injetou R$ 208 milhões na economia de São Carlos ao longo de cinco parcelas. Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Justiça do Trabalho localizou R$ 3 bilhões esquecidos no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. O dinheiro depositado pertence a empresas e trabalhadores. Agora, procuram-se os donos.
 

O balanço consta do Projeto Garimpo, da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. A iniciativa foi implementada em fevereiro de 2019 para regulamentar o tratamento dado a depósitos abandonados em processos.
Em fevereiro de 2020, R$ 2 bilhões haviam sido rastreados.  

O levantamento foi feito pelas corregedorias locais dos 24 TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho).
Do montante, apenas R$ 183 milhões foram liberados para saques após a identificação dos titulares das contas. Um ano depois, foram localizados mais R$ 1 bilhão e, desse total, R$ 268 milhões estão disponíveis a quem de direito. O dinheiro está parado em contas de depósitos recursais.  

Para questionar uma decisão na Justiça do Trabalho, a empresa precisa deixar uma garantia em contas judiciais. A quantia localizada trata-se, em sua ampla maioria, de resíduos em contas em razão de correções monetárias após a fase de execução, quando se chega ao cumprimento da sentença. Finalizados, os processos já se encontram em arquivo.
 

Segundo o corregedor-geral da Justiça do Trabalho, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, mais dinheiro pode estar esquecido nas contas. Ele diz não ter o número de pessoas jurídicas e físicas beneficiadas pela iniciativa.
O ministro destaca a relevância de se encontrar os donos dos recursos em meio à pandemia da Covid-19.  

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“Em um momento de crise, é caixa que estaria abandonado. Isso pode ter uma repercussão econômica de destaque nesse momento de crise absurda. Muitas vezes são valores significativos para as empresas”, diz.
“É um valor importante. Tudo isso em contas judiciais de empresas e trabalhadores, mas de trabalhadores em número menor, que foi esquecido nas contas mesmo”, afirma.
  

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O projeto integra uma série de ações do ramo trabalhista que visa intensificar o uso de novas tecnologias. A intenção é acelerar a implementação do que gestores chamam de Justiça 4.0 no contexto dos 80 anos da Justiça do Trabalho, a serem comemorados no sábado (1º), Dia do Trabalho.
 

Nesta segunda-feira (26),o jornal Folha de S.Paulo mostrou que magistrados e servidores têm recebido treinamento para usar as chamadas provas digitais e reduzir a dependência de depoimentos de testemunhas e partes.
É estimulado o uso de redes sociais, rastreamento por celular, mensagens em aplicativos e biometria para produção de provas. Dados poderão ser capturados com operadoras de telefonia, aplicativos, serviços de backup e nuvens de armazenamento.
 

No caso das contas judiciais, o dinheiro pode ser sacado em até dez anos. Passado o período, o recurso é revertido para os cofres da União.
Se a empresa foi à falência, o montante é destinado ao juízo falimentar —o juiz natural do processo. Se a empresa ainda funciona mas tem outras dívidas pendentes em ações trabalhistas em outras varas, o dinheiro é destinado para cobri-las.
 

Neste ano, em razão da pandemia, valores considerados ínfimos e abandonados em contas passaram a ser destinados à União para o combate à Covid-19. Até o momento, foram revertidos R$ 12 milhões.
 

“Fizemos regulamentações em convênio com a Secretaria da Receita Federal e criamos um código de DARF [(documento de arrecadação de receitas federais)] para que os valores pudessem se destinar para Covid ou questões sociais que a União entender necessárias”, diz Veiga.
 

Presidente da Anamatra (associação de juízes do trabalho), Noemia Porto afirma que o projeto é uma central de informações, “de inteligência”.
“Só se tornou possível porque a Justiça chegou ao patamar de 100% eletrônica, consegue fazer rastreamento, corrigir procedimentos, encontrar o valor e ir atrás da pessoa para que venha a receber. É emocionante”, diz.
 

Segundo a juíza, empresas, trabalhadores e sindicatos esquecem o dinheiro. Ela conta um caso concreto de busca por herdeiros para ilustrar o impacto da localização dos donos dos valores.
“Tem histórias tristes. O processo por várias razões demorou muito tempo, o trabalhador migrou para outro Estado em busca de melhores condições de vida e de trabalho e lá pelas tantas o processo finalizou e tem R$ 30 mil líquidos.”
 

Segundo Porto, chegou-se nesse caso à mãe do trabalhador, que “era sozinho na vida e morreu”. “Aí, R$ 30 mil para aquela família pobre no Maranhão fez muita diferença”, diz.
“É aquele momento em que se pratica um ato como juíza ou como juiz que não vai para estatística nenhuma, não se produz nem mais nem menos, não vai ser considerado o juiz mais produtivo, mas, naquele momento [quando se encontra o dono do dinheiro], você se sente juiz mesmo, faz a diferença.”
 

As informações sobre eventual direito ao recebimento de valores abandonados nas contas, por enquanto, devem ser solicitadas na vara em que o processo foi ajuizado. A Corregedoria-Geral ainda está desenvolvendo um sistema centralizado de dados, sem data de lançamento.

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