As ações da EcoRodovias despencaram na Bolsa B3, em São Paulo, após a companhia conquistar o bloco de 600 km de rodovias do Lote Noroeste Paulista, o da Washington Luís (SP-310). O mercado está de olho na grande diferença do lance dado pela empresa na comparação com os da segunda e terceira colocada e preocupado com o endividamento do grupo e seu fôlego para disputar novos ativos.
A EcoRodovias foi a primeira a ter a proposta lida pela comissão do leilão. O lance de R$ 1,23 bilhão – um ágio de 16.151% – gerou burburinhos na B3. Em seguida, o fundo Infraestrutura Brasil Holding XXI, controlado pelo Pátria, fez oferta de R$ 321 milhões. O último lance, da CCR, foi de R$ 753,8 milhões.
Imediatamente após a vitória, porém, as ações da EcoRodovias despencaram 11,9%, cotadas a R$ 5,36, liderando as baixas do Ibovespa. No pregão de ontem, os papéis tiveram uma pequena reação, subindo 1,12%, fechando o dia a R$ 5,43.
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O presidente da empresa, Marcello Guidotti, minimizou a situação: “Estudamos muito bem esse lote, que é maduro, com histórico de tráfego consolidado. Estamos entrando em projetos com disciplina financeira, não temos que nos balizar pela proposta dos outros. Estamos absolutamente confiantes que conseguiremos agregar valor ao grupo.”
O Lote Noroeste é composto por cinco trechos de rodovias no interior de São Paulo, nas regiões de São Carlos, Araraquara, São José do Rio Preto e Barretos. Os investimentos estimados ao longo dos 30 anos de vigência do contrato são da ordem de R$ 10 bilhões – e os encerramentos dos contratos de concessão atuais estão previstos para março e abril de 2023.
Segundo a EcoRodovias, com Lote Noroeste, a companhia passa a liderar o mercado de concessões rodoviárias em extensão, totalizando 4.700 km de estradas sob sua gestão.
Empréstimo-ponte
Para viabilizar o projeto, Guidotti disse que a companhia fará um empréstimo-ponte inicial para levar a concessão nos primeiros três anos de contrato. “Já conversamos com o BNDES, (o banco) gosta muito do projeto. Provavelmente também usaremos debêntures de infraestrutura.” Segundo ele, 70% dos investimentos do projeto devem ser viabilizados por financiamentos e 30% por equity (bens).
O executivo destacou que o lote de rodovias deve diminuir a alavancagem do grupo nos primeiros anos do contrato. “É importante ressaltar que a concessão já começa com geração de caixa muito forte, com Ebitda importante desde o primeiro dia. O Lote Noroeste gera mais caixa do que perda de dívida.”
Para o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, não existem grandes concessões de rodovias no radar. “Para aumentar a carteira de negócios, a empresa precisa disputar esses ativos”, diz. Ele aponta que as ações da EcoRodovias caíram, em parte, devido à grande diferença entre os lances da primeira e segunda colocadas no leilão.
Para um analista do setor, que falou sob condição de anonimato, a EcoRodovias deu um importante passo, mas seu endividamento preocupa. “No mercado, não se esperava que a companhia fosse participar do leilão porque eles já estão bem alavancados e ainda por cima deram um lance muito maior do que a CCR, que tem grande conhecimento dos ativos e maior capacidade financeira.”
Próximos projetos
O presidente da EcoRodovias disse ainda que o grupo segue avaliando oportunidades no mercado, com destaques para os lotes de rodovias do Paraná e a BR-381. Guidotti salientou que, num cenário macroeconômico desafiador, a companhia vai agir com disciplina. “A inflação e os custos dos materiais são informações conhecidas. Conhecer essas informações nos deixa aptos para colocar isso nas propostas.”
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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