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EconomiaMinirreforma trabalhista fragiliza relação com INSS

Minirreforma trabalhista fragiliza relação com INSS

Para ter os direitos da Previdência Social, o trabalhador terá de contribuir como se fosse um informal ou autônomo

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Prova de vida pode ser agendada pelo INSS (Foto: Reprodução)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Idealizados pelo governo, novos programas trabalhistas aprovados pela Câmara deixam empregados sem proteção previdenciária -acionada em casos de doenças, por exemplo- e também não contam automaticamente como tempo para aposentadoria.

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Para ter os direitos da Previdência Social, o trabalhador terá de contribuir como se fosse um informal ou autônomo. Ou seja, dependerá de iniciativa própria.

Sem a contribuição ao INSS, o período trabalhado não tem efeito para se aposentar.

Medidas na área trabalhista desenhadas e anunciadas pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) foram inseridas em um projeto que já ia direto para o plenário da Câmara.

A oposição ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) disse que foi feita uma manobra para acelerar a votação de uma minirreforma trabalhista, sem que a proposta fosse discutida pelos deputados. A análise do texto foi concluída na quinta-feira (12).

Dos três novos programas incluídos no projeto, dois criam modalidades de contrato de trabalho sem vínculo de emprego. Não há previsão de 13º salário nem de recolhimento ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), nesses casos.

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Com um limite reduzido para a jornada de trabalho, a remuneração é calculada por hora -e não pode ser menor que a hora do salário mínimo (cerca de R$ 5).

O governo argumenta que a redução de direitos trabalhistas é uma forma de incentivar a qualificação e formação profissional de pessoas que, futuramente, vão entrar no mercado formal de trabalho (com carteira assinada).

Além das questões trabalhistas, o IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) alerta para a falta de proteção para os empregados.

“Acho louvável que o objetivo seja combater o desemprego e incluir jovens no mercado de trabalho. Só que isso está sendo feito de uma maneira sem proteção previdenciária. Acaba protegendo de um lado, e desprotegendo de outro”, disse a presidente do IBDP, Adriane Bramante.

Especialistas defendem que o governo crie mecanismos para estimular ou facilitar o acesso à Previdência desses trabalhadores. Isso pode ser feito, por exemplo, com a criação de uma categoria especial no INSS com alíquota mais baixa.

Hoje, as alíquotas para contribuinte facultativo do INSS, porém, podem ser mais elevadas (de 11% a 20%) que as taxas cobradas para quem tem carteira assinada, que variam de 7,5% a 14%.

Há uma alíquota de 5% para quem é de baixa renda e beneficiários de programas sociais. Mas, nesse caso, é preciso comprovar que não tem renda própria e que não exerce atividade remunerada -o que descredenciaria os trabalhadores contratados nas modalidades defendidas pelo governo.

Para o advogado trabalhista Wolnei Tadeu Ferreira, os novos programas trabalhistas serão uma ferramenta útil para combater o desemprego. Mas ele considera que a questão previdenciária precisa ser mais bem elaborada.

“É uma crítica construtiva. Nada impede a pessoa de contribuir para a Previdência [como contribuinte individual]. Mas é necessário termos incentivos e orientação sobre esse aspecto da proteção previdenciária”, disse.

Na avaliação de Ricardo Calcini, advogado e professor de direito do trabalho, existe a possibilidade de os programas inseridos na MP durante a tramitação não prosperarem no Senado. Mesmo em caso de aprovação, ele disse acreditar que o tema deve ser judicializado.

“Em sua maioria, as novidades não estavam previstas originalmente na MP e, ao longo de sua tramitação, foram inseridas nos debates da Câmara. Esta postura é conhecida como ‘jabuti’ e, segundo decisões do STF, se traduz em evidente ‘contrabando legislativo’, o que viola o devido processo legal”, disse.

Calcini lembra que parte das medidas incluídas no projeto recria as mesmas diretrizes que estavam previstas no programa da Carteira Verde e Amarela, proposto anteriormente por Guedes e que não foi transformado em lei por falta de apoio dos senadores.

No pacote trabalhista aprovado pela Câmara, há a criação do Requip (regime de qualificação profissional). A medida é voltada para jovens, desempregados e pessoas carentes.

O plano prevê a criação de bônus (bolsa) de até R$ 550 por mês pago ao trabalhador em treinamento. O contrato está vinculado a um curso de qualificação profissional.

Outro tipo de contratação previsto foi pedido por Onyx. É o Programa Nacional Prestação de Serviço Social Voluntário. Ele permite que prefeituras possam contratar temporariamente pessoas para serviços.

Nesse caso, não há previsão de férias nem 13º pagamento nem FGTS. Mas, como a política ainda depende de regulamentação das prefeituras, isso pode mudar.

Dos três programas do projeto aprovado, o único que prevê vínculo empregatício é o Priore (Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego). Férias e 13º estão garantidos.

No entanto, nesse tipo de programa, haverá uma redução do recolhimento para o FGTS dos empregados.

A redução de encargos sobre a folha salarial é o principal objetivo trabalhista de Guedes desde o início do governo, mas a medida ainda não foi colocada em prática definitivamente.

O ministro classifica esses tributos como armas de destruição de empregos porque aumentam os custos de contratação. Na avaliação do ministro, os encargos existentes no regime da CLT travam a retomada de empregos.

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Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
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