São Carlos teve saldo positivo no comércio exterior nos cinco primeiros meses de 2021, segundo o Ministério da Economia. A diferença entre importações e exportações foi de US$ 1,7 milhão, o equivalente a R$ 8,5 milhões, na cotação atual da moeda norte-americana.
A indústria automotiva, de equipamentos industriais, linha branca e materiais escolares predominaram a pauta de exportação local. Nos cinco primeiros meses do ano, a cidade vendeu para o estrangeiro US$ 195,25 milhões e comprou US$ 193,56 milhões. Foram transacionados US$ 338,8 milhões (R$ 1,96 bilhão) em mercadorias entre entradas e saídas.
O alto volume de compras e vendas, sempre em valores bastante parecidos é uma característica do mercado externo são-carlense. Diversas indústrias instaladas na cidade compram insumos importados, agregam valor com a montagem e exportam por um valor maior, prática conhecida como drawback, segundo o economista Cláudio Paiva, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
“No caso de São Carlos, tem o perfil mais de comércio intraindústria, com aproveitamento de sistema drawback, que é quando você importa um equipamento para agregar valores e exportar. Aí tem o componente da taxa de câmbio que é importante nas duas pontas”, comenta.
Ilustra esse processo exemplificado pelo professor de economia o fato de São Carlos importar partes de motores, árvores de transmissão e virabrequins de países como Alemanha, China, Hungria e Coreia do Sul e exportar motores a combustão usados em automóveis para países como Argentina e México, além de powertrains montados em carros nacionais.
Nos cinco primeiros meses de 2021 foram exportados quase US$ 78 milhões em motores, US$ 41 milhões em lápis, US$ 23 milhões em compressores de ar, US$ 13,4 milhões em ferramentas pneumáticas e US$ 6 milhões em máquinas de lavar roupas.
Já na importação, foram adquiridos US$ 40,3 milhões partes de motores, US$ 29 milhões em componentes de transmissões, US$ 12,8 milhões em compressores de ar e de vácuo, US$ 8,9 milhões em bombas de líquidos e US$ 7,8 milhões em máquinas de lavar roupas.
A força do mercado externo também fortalece o mercado interno da cidade, com geração de empregos. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, mostra que em abril foram criadas 202 vagas na indústria local.
“Isso é muito importante. Quando eu olho e correlaciono os setores que mais exportam em São Carlos, motores e bombas, são os que estão empregando de maneira muito forte na cidade”, comenta o economista.
No ranking de nações clientes de São Carlos liderou o México (US$ 64 milhões), Estados Unidos (US$ 53 milhões) e Argentina (US$ 22 milhões). Já entre os fornecedores estão China (US$ 45 milhões), Alemanha (US$ 36 milhões) e Estados Unidos (US$ 16,5 milhões).
Os humores econômicos, políticos e a pandemia de Covid-19 devem determinar a velocidade das entregas e volume de pedidos que entrarão em carteira dos fabricantes locais, segundo o economista. O dólar mais alto poderá facilitar a exportação e tornar as importações mais caras, enquanto que o real mais valorizado deixa os produtos locais menos competitivos lá fora e os importados mais baratos.
“O avanço da vacinação e como fica no exterior para saber como fica (o mercado exterior) nos próximos meses. Olhando o comportamento do câmbio, tem uma mudança: a apreciação que está acontecendo e tende a modificar o grau de rendimento do comércio internacional”, explica Paiva.