O aumento no valor dos combustíveis segue impactando quem trabalha com transporte. Em São Carlos (SP), motoristas de aplicativo reclamam que o lucro diminuiu porque as tarifas são as mesmas, mas para abastecer os veículos, o aumento ultrapassa os 30%.
O administrador Ricardo Flávio de Carvalho trabalha como motorista de aplicativo desde novembro. Nunca enfrentou uma situação tão complicada como a que vive hoje. “O combustível teve um reajuste, mas o valor que repassaram para a gente continua a mesma coisa de novembro para cá. Os estudantes usavam bastante o Uber, mas eles não estão na cidade e acaba trazendo esse problema para a gente. Falta de movimento e a questão do preço do combustível”, comentou.
No fim do ano passado os motoristas até que tinham uma boa margem de lucro. Por exemplo, se ganhavam R$ 100 por dia, apenas R$ 20 ficavam para abastecer o carro. Agora, se recebem R$ 100 hoje, metade do valor é separado para abastecer o carro e continuar trabalhando.
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Há um ano, postos de São Carlos comercializavam o litro da gasolina por R$ 3,64, enquanto o etanol era ainda mais barato, R$ 2,19. Hoje, a média do litro da gasolina na cidade é de R$ 5,39, um aumento de 48%, enquanto o etanol subiu 89% e foi para R$ 4,15.
Nem mesmo trocar o tipo de combustível tem adiantado para economizar. Quando começou a trabalhar como motorista, Diego Luviam deixou de lado etanol para rodar com Gás Natural Veicular (GNV), mas pouco adiantou.
“Quando eu comecei, gastava R$ 47 de GNV e andava 180 quilômetros, hoje estou gastando R$ 65 para rodar a mesma coisa. Mesmo que tenha esse aumento, ainda está tendo um pouco de lucro. Se eu colocar de etanol o que abasteço no GNV, não vai fazer a mesma coisa”, disse.
Para evitar mais gastos, Luviam optou por corridas mais curtas. “A gente só lucra depois que o cliente entra no carro e começa a contar. Se você for buscar um cliente acima de cinco quilômetros, você não vai ganhar esses cinco quilômetros. Tem cidades que pagam esse deslocamento, mas São Carlos não tem isso, infelizmente”, explicou.
Reajuste nas tarifas
Para o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos Autônomos de São carlos e Região (Amasc), Marcelo dos Santos, a situação é quase insustentável. “Faz seis anos que as plataformas não reajustam os valores das tarifas, e quando ela faz promoção para chamar mais clientes, faz em cima do lucro do motorista e não em cima do lucro da plataforma. A corda está arrebentando para o lado mais fraco, que é o motorista”, disse.
Em nota, a Uber informou que busca parceria com postos e regiões nacionais para oferecer descontos no abastecimento e que lançou outros programas que oferecem benefícios aos motoristas como descontos em telefonia e medicamentos.