Uma petição com mais de 2 mil assinaturas quer impedir a construção de um cemitério vertical privado na região da UFSCar, em São Carlos. A iniciativa foi revelada pelo acidade on no início de agosto e gera repercussão na cidade.
Os proponentes apontam para a falta de discussão sobre o tema e que órgãos técnicos ainda não se debruçaram sobre o projeto, que tem “alto impacto” no meio ambiente.
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Uma audiência pública deve discutir a construção do cemitério vertical na terça-feira (5), no auditório do Paço Municipal.
O empreendimento será construído na Rodovia Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318), nas imediações de condomínios de alto padrão. Projeto ao qual o acidade on São Carlos teve acesso será construído em terreno de 49 mil m². O local deve contar com 450 lóculos (espécie de gavetas), onde deverão repousar os restos mortais. Os empreendedores ainda querem construir um complexo velatório, com oito salas para funerais.
A petição para impedir a instalação do cemitério vertical é realizada no site Petição Pública.
O requerimento pede a retirada do processo do novo cemitério da pauta da audiência pública que está marcada para a semana que vem.
De acordo com a petição, o projeto ainda não foi submetido às aprovações do Condusc (Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano) e ao Condema (Conselho Municipal do Meio Ambiente).
Os proponentes apontam que o empreendimento tem “amplo potencial de risco ao meio ambiente”, “especialmente, no que diz respeito aos gases e necrochorume decorrente da decomposição dos cadáveres a serem depositados e mantidos no local”.
Apesar dos impactos apontados, os reclamantes afirmam que o Estudo de Impacto de Vizinhança é “genérico e pouco preciso/específico” em relação às quantidades dos mencionados resíduos e, consequentemente, não aborda as providências específicas relativas às características próprias das medidas que se pretende implementar, o que impede a constatação da sua adequação.
Risco ao Monjolinho
Em outro trecho, a petição relata haver “risco de contaminação do reservatório” de água situado dentro do imóvel, o qual “por desaguar no Rio Monjolinho, pode ser a causa de uma verdadeira tragédia sem precedentes a afetar não apenas os residentes do entorno, mas, toda a população de São Carlos abastecida pelo suscitado córrego”.
Em estudo, empresa fala em “baixo impacto”
O grupo que quer construir o cemitério vertical na região norte da cidade afirmou, em estudo vinculado ao projeto, haver “baixo impacto ambiental” e até eventuais “vantagens” do modelo ante o tradicional, em que os féretros são colocados no solo.
A empresa afirma ainda que o sistema tem “baixa ou nula contaminação do solo e lençóis freáticos”. No caso de poluição do ar, o projeto prevê a instalação de sistemas de filtragem automatizada do ar proveniente dos lóculos.
Assunto na Câmara Municipal
Durante sessão legislativa da última terça-feira (29/8), o vereador Djalma Nery (PSOL) fez um pronunciamento sobre o tema. O parlamentar afirmou que “muito se preocupa” com a possibilidade de implantação do empreendimento privado. “Tem havido uma mobilização da sociedade civil para que o assunto seja debatido como ele deve ser e a sociedade tenha informações sobre eventuais impactos”, afirmou.
“Além de tudo esse é um local de mata nativa e de preservação, um fragmento de Cerrado que temos ali, remanescente na Universidade Federal de São Carlos”.
O que dizem os envolvidos
A organização da petição é difusa e acontece internamente na UFSCar. O acidade on procurou, por meio de formulário eletrônico do site Petição Pública, contato com os autores, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
O acidade on São Carlos procurou o grupo que planeja a construção do cemitério. A empresa, por meio de seu representante, afirmou que irá se pronunciar “após a audiência”.
O espaço para manifestação de ambas partes segue aberto.
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