População e mundo político reagiram à proposta do governo do Estado de instalar praça de pedágio entre São Carlos e Araraquara. O prefeito Airton Garcia (PSL) disse em nota ser contra a cobrança na passagem entre os municípios.
A possibilidade de instalação de praça de pedágio no km 255 da Washington Luís (SP-310) acendeu o sinal de alerta entre os moradores das duas cidades. A contrapartida da cobrança vem em investimentos em terceira faixa em trechos com saturação no trânsito, vias marginais e Base de Serviços Operacionais (BSO) em São Carlos. A possibilidade foi anunciada pelo diretor-geral da Agência de Transportes do Estado (Artesp), Milton Persoli ontem (22).
“Fomos muito penalizados pela pandemia. O setor produtivo sucumbe com a inflação e os altos preços dos combustíveis e sendo assim não podemos permitir esse duro golpe. Vamos trabalhar para que isso não se concretize”, afirma Airton.
Do outro lado do espectro político, Raquel Auxiliadora (PT) chamou de “presente do Doria” a proposta de cobrança. “Já não basta todo o aumento da inflação e o desgoverno do Bolsonaro e o Doria ainda aumenta o custo de vida da população da nossa região”, protestou em redes sociais.
Na Câmara, o presidente Roselei Françoso (MDB) declarou em rede social que está mobilizando vereadores, lideranças políticas e sociedade para um posicionamento contrário à proposta. O parlamentar disse ter certeza de que terá apoio de Ibaté e Araraquara na pauta.
“Já conversei com Netto Donato, um interlocutor do governo do Estado em São Carlos, solicitando uma audiência com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) e o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi”, afirma.
Em Ibaté, cidade que também seria afetada caso a proposta de pedágio prospere, o vereador Ronaldo Rodrigo Venturi (PSB) respondeu a internauta que cobrou uma posição sua. “Não tenha dúvidas de que lutaremos para impedir esse absurdo”.
O prefeito de Ibaté José Luiz Parella (PSDB) mostrou contrariedade à proposta e disse que a população de Ibaté refuta essa possibilidade. “Especialmente esse trecho é por onde passam diariamente trabalhadores e estudantes de Ibaté, São Carlos e Araraquara que se deslocam e utilizam a rodovia por poucos quilômetros e não podem ser penalizados com uma praça de pedágio”.
A Prefeitura de Araraquara, governada pelo prefeito Edinho Silva (PT) se absteve por ora da discussão. Em nota afirmou não ter formalmente conhecimento do projeto. “Assim que o mesmo for apresentado, o município se posicionará”.
Nas redes sociais, a população se manifestou contra a proposta do governo do Estado. Houve quem cobrasse representação local na Assembleia Legislativa para defender os interesses do município na capital, como o caso de Fernando Soares. “É na hora de votar que erramos pense mais no seu deputado… Aqui em São Carlos não temos ninguém pra nos representar (sic)”, reclama.
A irritação foi geral. Bibo Jacyntho usou a ironia para demonstrar a contrariedade à medida. “Boa é isso aí. Instala também um entre São Carlos e Ibaté, porque é disso que o povo gosta de pagar mesmo”.
O internauta Luciano Clares Chiarelli classificou como “brincadeira” a situação. “Só pode ser brincadeira. Daqui um tempo vai ter mais pedágios do que rodovia. Araraquara, Ibaté e São Carlos já estão rodeadas de pedágios”, disse.
Proposta polêmica
A nova rodada de investimentos no lote Noroeste prevê aportes em São Carlos. Para o município estão previstos R$ 234 milhões na construção de marginais ao longo da passagem da SP-310 pelo município.
Outra obra que está na minuta da Artesp que deve melhorar a fluidez da Washington Luís na região central é a instalação da terceira faixa em 51 km de rodovias. São Carlos também poderá ganhar Base de Serviços Operacionais (BSO).
A proposta de nova modelagem de concessão prevê descontos de 5% para usuários que pagam o pedágio com tags e abatimento progressivo para quem tem uso assíduo.