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Economia"Trabalhar mais, ganhar menos": os impactos do aumento do combustível em São Carlos

“Trabalhar mais, ganhar menos”: os impactos do aumento do combustível em São Carlos

Motoristas relataram as dificuldades que estão vivendo e falaram até sobre a possibilidade de desistirem do ramo

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Segundo a estatal, do total do preço do litro da gasolina, somente 34% são referentes à Petrobras e os outros 66% são formados por outros componentes de custo (Foto: Denny Cesare/ Código 19)
Segundo a estatal, do total do preço do litro da gasolina, somente 34% são referentes à Petrobras (Foto: Denny Cesare/ Código 19)

O mais recente aumento no preço do combustível anunciado pela Petrobrás fez com que a gasolina ultrapassasse a casa dos R$ 7 em São Carlos (SP), um valor visto, até o momento, apenas em capitais. A situação pesa significativamente no bolso do munícipe, mas prejudica ainda mais os motoristas de aplicativo, que chegam a pensar até em “abandonar o barco”. 

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Durante a pandemia, muitos aumentos foram efetivados. Em janeiro de 2020, por exemplo, o preço do litro do etanol chegava aos R$ 3,10, enquanto a gasolina custava em média R$ 4,50. Em pouco mais de dois anos, o etanol está em R$ 4,70 e a gasolina chega a atingir os R$ 7,50. 

A situação, naturalmente, impacta a vida de todos em diversas esferas, mas influencia principalmente quem depende do combustível para conseguir seu sustento, como o caso do motorista Eudes da Costa, que relata dificuldade, injustiças e abandonos em meio a tantas mudanças econômicas. 

“Estou trabalhando o dobro do que eu trabalhava antes, com os mesmos compromissos, e até mais. Então a gente fica em uma situação que a gente olha para um lado, olha para o outro e não vê perspectiva nenhuma. Você pega três pessoas e coloca no seu carro, leva a pessoa onde ela deseja e ela paga menos que uma passagem de ônibus”, disse.

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De acordo com o motorista, os aumentos criam uma atmosfera de tensão e fazem com que o cotidiano seja ainda mais pesado e desgastante. “É exaustivo porque a gente começa cedo e termina tarde, a gente já volta depois cansado e preocupado com os compromissos que a gente tem que honrar, escolhendo um local onde o preço esteja um pouco mais em conta e a gente também corre risco porque a qualidade dos postos existe uma diferença”, comentou. 

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Ele comentou que adora o que faz e sente prazer em trabalhar, mas que segue procurando outras oportunidades porque não tem condições de ficar desempregado. “Devido a situação que vivemos e as condições que nos são oferecidas, estou procurando uma oportunidade de trabalhar por conta ou em outra função, porque a gente tem família para cuidar, vários compromissos para honrar e não adianta a gente ficar reclamando e esperando que alguém faça alguma coisa por nós”, desabafou. 

Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

O também motorista de aplicativo, Antonio Agostinho, relatou que chegou a fazer os cálculos em relação ao gasto e lucro e que o resultado foi assustador. Por isso, tem investido em novos aplicativos que tenham taxas mais baixas para continuar trabalhando.

“Foi um baque saber do ajuste dos combustíveis porque a gente já trabalhava com uma margem muito pouca de lucro, e complicou mais ainda para fechar o orçamento do mês. Como a gente é acostumado a fazer isso [trabalhar], pensar em parar fica difícil, mesmo porque está muito difícil arrumar outra coisa para fazer”, comentou. 

Julio Castro, motorista e coordenador da União Beneficente dos Motoristas Autônomos de São Carlos (Ubemasc), comentou que esse momento de incerteza chega a causar uma enorme carga de estresse e ansiedade entre eles. “É triste acompanhar pessoas que trabalham 10, 12, 14 horas no dia, tentando levar o sustento para suas famílias, e suportando os últimos aumentos. Estas pessoas não aceitam esta situação, mas são obrigadas a suportar, a enfrentar”, disse. 

Outro ponto levantado por Castro é o impacto desse aumento na demora para se conseguir corridas nos aplicativos. “A espera que os passageiros estão enfrentando é o reflexo de grande parte dos motoristas que, pressionado pelos custos, são obrigados a escolher as corridas. Muitas vezes o valor oferecido pelas plataformas não paga sequer o combustível que será gasto com algumas corridas”, concluiu.

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