Se o mercado tradicional de loterias no Brasil não para de crescer, o governo estima que o dinheiro movimentado em apostas possa triplicar nos próximos dez anos com o fim do monopólio da Caixa Econômica Federal. A expectativa é de que a abertura do mercado das loterias instantâneas e das apostas esportivas saia ainda na primeira metade de 2022.
Para o secretário de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) do Ministério da Economia, Gustavo Guimarães, a competição no mercado brasileiro pode aumentar até as receitas das loterias federais, pois a oferta maior de jogos pode criar mais consumidores de apostas.
Além do Ministério da Economia, participam do debate a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, a Polícia Federal e o Banco Central. “São muitos atores envolvidos, para preservar a integridade do esporte e coibir lavagem de dinheiro. Há uma série de questões sobre o jogo responsável e temas a serem discutidos sobre publicidade dos jogos”, afirma o secretário.
A Secap tem sido procurada por grandes grupos internacionais que já operam tanto as loterias instantâneas – as “raspadinhas” – quanto apostas esportivas. Os “grandes e bons” conglomerados, como classifica Guimarães, têm interesse em participar de um mercado seguro e regulado, com um rol maior de produtos. “O brasileiro já conhece bem os prêmios instantâneos, de menor valor. Agora já começam a conhecer as apostas esportivas, que são um motivo a mais para torcer durante as partidas”, diz.
Hoje, embora a Mega-Sena pague os maiores prêmios do País, os jogos que mais têm avançado no gosto dos apostadores são a Lotofácil e a Quina. As duas modalidades cresceram 25% e 14%, respectivamente, de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação a 2017, a Lotofácil registra um aumento de 75% nos valores apostados. Com isso, a Lotofácil já é hoje o principal produto lotérico, à frente da Mega-Sena e da Quina.
Se a loteria tradicional já irá faturar R$ 18 bilhões em 2021, os cálculos do governo estimam que as loterias instantâneas possam render até R$ 22 bilhões por ano até o fim dessa década, enquanto o mercado das apostas esportivas poderia bater na casa dos R$ 20 bilhões anuais já em 2026.
Boa parte do valor apostado hoje é aplicado em projetos sociais. De janeiro a setembro deste ano, R$ 6,35 bilhões foram revertidos para políticas sociais, alta de 11% ante 2020. A maior parte desses recursos é destinada a projetos de áreas como educação, segurança e fomento ao esporte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.