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Lazer e CulturaUma mistura de épocas: entenda as características dos prédios históricos do Centro de São Carlos

Uma mistura de épocas: entenda as características dos prédios históricos do Centro de São Carlos

Imponente Palacete Conde do Pinhal abrigou a primeira capela de São Carlos, no mesmo local que hoje abriga a Catedral de São Carlos Borromeu

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Quem passa pelo Centro de São Carlos não imagina a riqueza histórica que a região guarda.
São fachadas, calçadas e janelas, que contam um pouco da história e da evolução dessa cidade, fundada em 4 de novembro de 1857 por Antônio Carlos de Arruda Botelho (conhecido por Conde do Pinhal) e Jesuíno de Arruda.

Antiga capela existiu até 1946 no local que hoje é a Catedral (Foto: Pró-Memória)

O terreno próximo imponente Palacete Conde do Pinhal abrigou a primeira capela de São Carlos, no mesmo local que hoje abriga a Catedral de São Carlos Borromeu, um dos principais cartões postais do município.

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Construção da Catedral atual (Foto: Arquivo Pró-Memória)

Influências da Europa e a vinda dos imigrantes

Com predominância de um estilo arquitetônico Eclético do final do século XIX e início do século XX, o quarteirão que é o coração de São Carlos começou ali, envolvendo a Avenida que leva o nome da cidade, e as Ruas Treze de Maio e Conde do Pinhal.

“Relatos apontam que as primeiras edificações foram construídas no centro próximo ao Rio Gregório. Mas a fundação oficial aconteceu nesse quarteirão”, disse Mariana Lucchino, arquiteta da Fundação Pró-Memória.

Nesse quarteirão, o Palacete do Conde foi inaugurado em 1895, assinado por um arquiteto italiano Pietro David Cassinelli. O quarteirão até hoje preserva edifícios com características ecléticas, como o prédio da Secretaria de Trabalho, ou o prédio em frente ao Palacete.

Pre´dio na avenida São Carlos também segue estilo eclético (Foto: Google Earth)

“É um estilo mais ornamentado, com muitas influências da arquitetura europeia da época. É um estilo mais rebuscado, com o intuito de mostrar poderio econômico. ”

O Ecletismo tomou conta de São Carlos no início do século XX. Isso porque muitos imigrantes chegavam à cidade e traziam essas influências das casas europeias. Isso refletia em diversas camadas socioeconômicas, desde os grandes fazendeiros do café até os ferroviários.

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Estação Fepasa em 1908 (Foto: Arquivo/ Fundação Pró-Memória)

Um exemplo é que, com inauguração da Estação Fepasa (que hoje está desativada) e o povoamento da Vila Prado, logo atrás da estação, o eclético também começou a tomar conta das moradias dos operários, porém de maneira simplificada.

“Na época das ferrovias a cidade cresceu para a Vila Prado, onde moravam os trabalhadores da ferrovia. Era um eclético bem simplificado. Até 1920 as fachadas eram totalmente para a rua. Depois já começam a colocar varandas internas na entrada. Um pouco depois um recuo na casa”, explicou a arquiteta do Pró-Memória.

Com o passar do tempo, a cidade foi se expandindo para outros sentidos. “A baixada do mercado foi ocupada com o comércio e a Praça da XV teve um crescimento depois, com a criação da USP, a cidade começou a crescer para aquele lado”, explicou a arquiteta.

A chegada da Modernidade com a vinda da USP

Edifício E1 no Centro no Campus da USP em 1974 (Foto: Fundusp)

Com a chegada da USP e da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) no final da década de 1940 as características arquitetônicas também sofreram mudanças, acompanhando tendências da arquitetura Moderna, estilo concebido por Le Corbusier, um arquiteto franco-suíço.

“Em São Carlos esse estilo tem uma força maior que a gente acredita que seja pela implementação da USP, os estudantes estavam bem antenados com que estava acontecendo no mundo”, disse Mariana.

Edifício E1 no Centro no Campus da USP em 1974 seguia os parâmetros da arquitetura Moderna de Coboursier (Foto: Fundusp)

Um dos prédios que obedeciam aos cinco requisitos da arquitetura moderna de Corbusier é o Edifício E-1 que fica dentro do campus 1 da USP.

O projeto foi assinado por Ernest Mange e Hélio de Queiroz Duarte e foi inaugurado em 1956, com fortes influências de Corbusier.

O brasileiro pegou gosto pelo Moderno na década de 1950, com uma pegada industrial, simples e futurista.

Em alta no Brasil, por causa da construção de Brasília por Oscar Niemeyer, arquitetos do país começaram a desenvolver o próprio conceito de “Modernidade”.

“Não era mais cópia do que vinha do exterior e aqui teve muito desenvolvimento com a EESC, então tem alguns arquitetos de São Carlos que tem produções daqui, como o Luiz Gastão de Castro Lima”, disse.

Luiz Gastão assinou projeto do antigo salão de baile do São Carlos Clube (Foto: São Carlos Clube/ Reprodução)

Gastão, citado por Mariana, foi professor da Universidade de São Paulo, e responsável pela expansão da arquitetura moderna em São Carlos, assinando projetos como da Igreja Nossa Senhora de Fátima, em 1966 na Vila Pureza, e o antigo Salão do Baile do Tradicional São Carlos Clube.


Entre os pontos importantes da cidade que possuem características modernas estão: a atual Secretaria de Educação (Entre Avenida São Carlos e Rua Treze de Maio), o Terminal Rodoviário, (na Rua Alexandrina, esquina com a Avenida Trabalhador São-carlense) e o Parque do Bicão (no Jardim Botafogo). Todas as obras foram entregues no ano de 1982.

São Carlos Colônia

Antiga Biblioteca também é um exemplar de arquitetura moderna (Foto: Google Earth)

Apesar de não muito recorrente, São Carlos também possui edificação do período colonial.
“São construções mais rústicas, não têm ornamentos, são mais utilitárias. Aqui têm as fazendas como a Fazenda Pinhal que é um exemplar da arquitetura colonial. ”

Além das fazendas, existem dois imóveis na Rua Conde do Pinhal – no cruzamento com a São Paulo – existem duas edificações que se enquadram neste tipo arquitetônico, um foi reformado e outro permanece vazio e abandonado, segundo Mariana.

Preservação e história

Casa de estilo colonial na Rua São Paulo com a Conde do Pinhal (Foto: Google Earth)

De acordo com a arquiteta da Fundação Pró-Memória, que trabalha com a preservação patrimonial do município, existem três instrumentos de permitem a conservação dos prédios históricos da cidade.

O primeiro é o processo de tombamento. Cerca de 18 imóveis são reconhecidos como tombados, sendo dez pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) e outros oito pelo município.

O segundo instrumento é o processo de tombamento. “A partir do momento que ele está em análise, ele já está protegido”, explica Mariana. Por último, existe a categoria de edifícios declarados de Especial Interesse Histórico e Cultural.

Os imóveis que se encaixam nesta categoria possuem várias características arquitetônicas, históricas e requisitos excepcionais. Eles devem ter sua fachada e volumetria preservadas, diferente dos tombados que não podem recebem qualquer alteração sem autorização de órgãos estaduais ou municipais.

Casa de estilo colonial na Rua São Paulo com a Conde do Pinhal (Foto: Google Earth)

“Não tem um processo específico para cada edifício (como o tombamento), é uma listagem dentro de uma lei (municipal). Hoje, são cerca de 200 imóveis localizados no poligonal do Centro.”
Mariana explica que a poligonal histórica de São Carlos delimita o desenvolvimento arquitetônico da cidade até 1939. “Ela abrange a Vila Prado até um pouco para cima da Escola Estadual de Álvaro Guião. ”

“Esses imóveis de interesse histórico formam um conjunto e a ideia é preservar um conjunto diversificado na cidade. ”

Para Mariana, a preservação anda junto com a educação patrimonial. “Tem um sentimento de preservação da população de São Carlos, que consegue reconhecer a importância disso para a história (da cidade) ”, concluiu.

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Raquel Baes
Raquel Baeshttps://www.acidadeon.com/araraquara/
Raquel Baes é formada em Jornalismo pela Universidade de Araraquara (Uniara) desde 2018. Passou pelas redações do Portal g1, EPTV Central e atualmente escreve para a editoria de Lazer e Cultura do acidade on Araraquara
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