ESPECIAL SÃO CARLOS 164 ANOS
Com 121 anos de história, o edifício Euclides da Cunha é uma das construções mais emblemáticas de São Carlos. Sede do Poder Legislativo Municipal desde 1952, o prédio da Câmara Municipal foi usado inicialmente como cadeia e fórum da cidade.
Um dos poucos exemplares da arquitetura erudita de São Carlos, o edifício não abriga mais a população são-carlense de forma satisfatória e deve ter o plenário desativado em um futuro próximo, segundo o vereador e presidente da Câmara Municipal, Roselei Françoso (MDB).
Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) desde 2019, o prédio conta com uma sala de sessões com capacidade para apenas 60 pessoas sentadas, não sendo possível sua ampliação. “O prédio Euclides da Cunha não comporta grandes reformas. Ele foi construído com paredes de pedra rocha, que são paredes enormes. Então, temos muita dificuldade para fazer a parte de comunicação deste prédio. Nós deixaremos o plenário do Euclides da Cunha de forma preservada, para fazermos ali pequenas reuniões”, explicou.
Por conta disso, Françoso explica que ele e os outros vereadores discutiram a possibilidade de construir uma nova Câmara Municipal. Os custos, porém, levaram os parlamentares a mudar de ideia. “Ao levantar o custo, chegamos a ordem de sete, oito milhões. É um valor muito alto para o orçamento da Câmara Municipal e isso levaria de duas a três gestões de presidentes. E isso traria muita dificuldade”, disse o presidente da Câmara Municipal.
A solução encontrada, portanto, será utilizar o espaço em frente ao edifício Euclides da Cunha, onde atualmente fica a biblioteca jurídica Francisco Xavier Amaral Filho e um estacionamento, para fazer um novo plenário, uma sala de reuniões e oito salas para os vereadores. “Ficaria o estacionamento embaixo e na parte de cima nós faríamos o plenário da Câmara Municipal, com uma quantidade muito maior do que aquela que nós temos hoje no prédio Euclides da Cunha”, disse.
“Pensamos também na possibilidade, mas está em estudo ainda, de um acesso para o outro prédio na parte aérea, atravessando a Rua Sete de Setembro. Esse é o objetivo”, complementou Françoso.
Com essas mudanças, a biblioteca seria transferida para o local onde estão hoje as salas dos vereadores, que seria transformado em um Centro de Informação Digital – unindo os departamentos de Comunicação, Tecnologia da Informação (TI) e Jornalismo.
A estimativa de gasto com as obras de construção do novo plenário é de cerca de R$ 2 milhões.
USO DE ENERGIA RENOVÁVEL
O parlamentar também explica ter como objetivo implantar placas fotovoltaicas no prédio e tornar a Câmara Municipal mais sustentável. Segundo Françoso, com a ajuda da CPFL, já está sendo elaborado um termo de referência para que a Câmara possa abrir uma licitação e contratar uma empresa para instalar as placas.
DIGITALIZAÇÃO DO ACERVO
Na sessão do dia 26 de outubro, a Câmara Municipal aprovou a abertura de um crédito adicional no orçamento no valor de R$ 315 mil para iniciar o processo de digitalização de todo o seu acervo.
O vereador Roselei Françoso explicou que o objetivo é preservar a história da cidade e disponibilizar essas informações armazenadas para toda a população. “Ele é bastante expressivo, muito consultado para pesquisas através dos jornais que nós temos lá, exemplares da cidade desde 1950”, disse.
“É um acervo que nos traz preocupação com chuva, fogo. Então queremos digitalizar e colocar um verdadeiro de banco de dados para que toda a população de São Carlos tenha acesso de forma livre”, complementou o parlamentar.
EDIFÍCIO RECEBEU NOME DE EUCLIDES DA CUNHA POR ENGANO
O prédio que hoje abriga a Câmara Municipal foi inaugurado em 10 de maio de 1900 para ser usado como cadeia pública, sede do destacamento policial e o fórum da cidade.
Projetado pelo arquiteto Victor Dubugras, o edifício em estilo eclético francês é um dos poucos exemplares da arquitetura erudita em São Carlos.
Em 1951, o prédio foi reformado junto com a Praça Coronel Salles, ganhando a conformação atual e, no ano seguinte, passou a abrigar a Câmara Municipal.
No início da década de 1960, foi dado o nome de “Euclides da Cunha” ao edifício, devido a supostas contribuições arquitetônicas que este teria dado ao prédio.
Sabe-se hoje que Euclides da Cunha não teve nenhuma relação com a construção do prédio, tendo chegado a São Carlos um ano depois da sua construção para acompanhar as obras do Grupo Escolar, ao lado da edificação de Dubugras, onde atualmente funciona a Escola Estadual Coronel Paulino Carlos.
A obra de construção do prédio da escola fez parte de um projeto padrão conhecido como “1901-10 Classes Avaré” e foi supervisionado por Euclides da Cunha, então engenheiro responsável pelo 5º Distrito de Obras Públicas.
O terreno foi cedido pela Câmara Municipal e a construção foi dirigida pelo mestre Seraphim Corso.
Em 2 de dezembro de 1901, em homenagem solene e com a presença de várias autoridades locais, foi assentada a pedra fundamental do edifício da Escola Paulino Carlos.
Em 1904, foi nomeado diretor o professor Annibal Francisco Caldas e, em janeiro de 1905, diversas escolas isoladas da cidade foram anexadas ao novo estabelecimento.
No dia 1º de abril de 1905, teve início o funcionamento do grupo escolar, com 346 alunos e sete professores.
Em 1910, passou a funcionar em dois períodos devido ao aumento no número de alunos, de 431 (1909) para 825.
As informações são da Fundação Pró-Memória de São Carlos.