A primeira-dama de São Carlos, Rosária Mazzini Cunha, confirmou ao acidade on que se reuniu com Sérgio Ricardo Rocha Borges, representante da empresa SBR Soluções em Beneficiamento de Resíduos.
Em depoimento ontem (18), o gerente comercial afirmou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que teve uma reunião com a esposa do prefeito antes da entrega dos envelopes. O colegiado investiga suposta interferência da primeira dama e de seu filho, Eric Mazzini Cunha, em processo licitatório que contrataria empresa para dar destinação a resíduos da construção civil.
A própria primeira-dama deve ser ouvida em etapa posterior da investigação e promete “apresentar provas” aos vereadores.
“Ele veio com o laptop mostrando que a empresa dele era exemplo na América Latina, se não me engano, que era a melhor empresa que existe”, afirmou Rosária.
A primeira-dama de São Carlos disse ainda que o empresário ficou “aterrorizado” com a forma que a licitação era conduzida e com o valor sugerido pela Administração, de R$ 53 milhões para um ano de serviço, na proposta inicial. Entre os apontamentos feitos por Borges, segundo ela, era que o processo estava com “muito erro”.
“Disse que a licitação estava com muito erro, muita coisa dirigida naquela concorrência que estava em processo”.
Após a reunião, que teria se dado no consultório médico dela, Rosária afirmou que não deu andamento à demanda, porque “não vai para a Prefeitura”. Todavia, a primeira-dama chegou a comentar o assunto com o prefeito Airton Garcia, mas teve a impressão que a licitação já estava fadada ao fracasso.
“Eu falei com o Airton de tudo o que estava acontecendo, mas ele já tinha pedido para cancelar, acho que por todas já terem sido reprovadas”, comenta.
Borges, em sua versão, afirmou que procurou a primeira-dama antes de entregar os envelopes à comissão de licitação.
“Não sei se perceberam alguma coisa e pediram para cancelar. [A conversa com o prefeito] não valeu de nada, pois já não ia mais para a frente [a licitação]”, conclui.
Procurada, a Prefeitura de São Carlos afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto.
Suposta influência em licitação de R$ 53 mi
A CPI se debruça sobre o suposto fato de familiares de Airton Garcia terem se valido do ‘grau de parentesco com o prefeito’ para influenciar em processo de contratação milionária por parte da Prefeitura. A primeira-dama e seu filho estariam envolvidos.
A licitação em questão é uma concorrência pública que prevê terceirizar a destinação de entulho da construção civil e resíduos de podas de árvores. Ao vencedor, seriam confiados R$ 53 milhões em recursos públicos ao longo de cinco anos.
O certame terminou ‘fracassado’ e teve seu fim decretado por ordem do prefeito Airton Garcia que viu ‘não haver mais interesse público’ na contratação. Ocorre que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já havia dado ‘puxão de orelha’ na Administração para resolver irregularidades na destinação de entulho em São Carlos.
A licitação foi permeada de erros, com erratas publicadas constantemente ao longo do processo. Uma delas corrigiu o objeto da contratação. Em outra, a gestão esclareceu que o contrato seria de cinco anos, ao invés dos 12 meses mencionados no documento original.