Professora de educação física há mais de 30 anos em São Carlos, Neusa Valentina Golineli (Cidadania), de 60 anos, recebeu 1.187 votos nas Eleições 2020 e iniciou, em 2021, seu primeiro mandato como vereadora na cidade. Em entrevista concedida ao ACidade ON São Carlos, que faz parte de uma série do jornal com os 21 vereadores eleitos na cidade, a professora disse que vai trabalhar para melhorar quatro setores: a educação e o esporte, a defesa e proteção animal, a situação da terceira idade e dos asilos, e o meio ambiente.
Vereadora também falou sobre a pandemia e divergências políticas na Câmara Municipal (veja abaixo).
Trajetória
Nascida em Torrinha (SP), cidade 80 km distante de São Carlos, mudou-se para São Carlos na década de 80 para estudar física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Por aqui, ingressou na equipe de basquete feminino de São Carlos e a paixão pelo esporte a fez mudar de curso. Após perder o período de matrícula na UFSCar em 1984, abandonou a física e foi fazer Educação Física na Faculdade de Educação Física do Campo do Rui, onde formou-se em 1987.
Como professora, deu aulas de educação física em sua cidade natal, no Clube de Torrinha, e nas escolas Juliano Neto e Jesuíno de Arruda, em São Carlos.
Além disso, também chegou a dar aulas de física na escola Ademar Vieira Pisco, em Santa Maria da Serra (SP), e de matérias de exatas em diversas escolas de São Carlos.
De forma paralela, Neusa também desenvolveu alguns projetos na cidade. No RICEL, trabalhava temas de ciências, meio ambiente, cultura e esporte.
Esse primeiro projeto deu origem ao Basquete Para Todos (BPT), projeto que ela desenvolve com crianças e jovens até hoje no Ginásio da Redenção e na quadra da Escola Carmine Botta.
Objetivos
A professora Neusa decidiu disputar às eleições apenas no meio do ano passado. Por ter projetos sociais na área esportiva e enfrentar dificuldades para conseguir ajuda dos vereadores, ela recebeu o incentivo do então secretário de Esportes Edson Ferraz (MDB), que atualmente é o vice-prefeito. “Eu resolvi me candidatar pelo fato de que eu tentava ajuda para os projetos sociais que eu tenho e não conseguia nada ou muito pouco. Então eu pensei que se eu entrasse poderia ajudar o esporte”.
Outra preocupação da vereadora são os idosos. Para buscar trazer mais qualidade de vida para essas pessoas, Neusa disse que vai propor a criação de um “Centro do Idoso” na cidade, onde eles poderiam fazer atividades durante o dia. “Um espalho onde eles possam ter um atendimento médico, fisioterapêutico, uma atenção. Tendo parcerias não só do município, mas de empresas que possam realizar uma parceria. Então ele entraria às 8h da manhã e ficaria até as seis da tarde”, afirmou.
No momento, porém, a vereadora disse estar focada em ajudar a melhorar a situação do canil municipal. “É precária a situação de um espaço que deveria cuidar dos animais, mas está largado às traças, esquecido. Minha briga agora é descobrir como fazer funcionar direito aquilo. Eles precisam realmente de espaço de acolhimento, de um pré-cirúrgico, de uma sala de cirurgia e um pós-cirúrgico. Precisam, urgente, de um gatil e um espaço para acolher os animais”.
Trabalhar por um meio ambiente ecologicamente equilibrado, defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações foi um dos objetivos definidos na Constituição Federal de 1988, no artigo 225. E essa também é uma das lutas da professora Neusa. “Eu sempre batalhei, sempre lutei para fomentar que se plante árvores, a cuidar dos espaços, a reciclagem, a reutilização. Os bairros estão jogados às traças. Nós precisamos de um meio eficiente para o recolhimento de lixo e entulhos maiores, o que chega a provocar entupimento na rede”.
A vereadora lamentou uma situação vivida pelos moradores da região do Bicão. “Eu fico muito triste com a situação do Bicão, onde tem um esgoto clandestino que corre ali. Eu não sei por que não há como tirar. Todo aquele bairro do Botafogo fica sujeito. Quando está sol não tem nem como almoçar direito com aquele cheiro do esgoto. É muito triste isso”.
Pandemia
A situação da pandemia na cidade é outro assunto que preocupa a parlamentar. Neusa opina que deveria haver uma sincronia maior entre as cidades da região com relação às medidas restritivas. “Como eu falei numa reunião online, eu acho não dá certo uma cidade fazer o lockdown e as outras permanecerem normais. As pessoas vão se descolar de uma cidade para a outra. Tinha que ter uma ação conjunta das secretarias de saúde e dos prefeitos e responsáveis por cada uma das cidades da região”.
A vereadora diz entender que medidas como lockdown deixam a situação muito difícil para muitos setores da sociedade. Entretanto, ressalta que a vida deve ser a prioridade no momento. “Eu sou a favor da vida, primeiro a vida, depois as outras coisas. Mas a situação está difícil, o pessoal fala que tem conta para pagar e tem mesmo. Tem que comprar, tem que comer. Para ter um lockdown, tem que ter um auxílio para as pessoas nesse momento. Que os impostos sejam adiados nesse momento e as pessoas não sofram cortes, por exemplo, de luz, água”.
“Tem gente que tem condições de ficar 15 dias em casa, mas e quem não tem condições? Então a gente tem que pensar na situação dos que mais estão sofrendo”, complementou.
Primeiros meses na Câmara Municipal e divergências políticas
Discutir problemas e soluções para a cidade com outros 20 vereadores vem sendo um desafio para a professora Neusa.
Sem conseguir esconder seus sentimentos, a vereadora chegou a se exaltar quando o projeto de lei para o dar de Marielle Franco para uma rua de São Carlos foi rejeitado pela maioria dos vereadores. “Foi um assassinato brutal de uma pessoa que carregava várias bandeiras. A Marielle virou um símbolo da luta por essas bandeiras. Eu não sei por que vetaram de colocar um nome, sendo que há nomes de várias pessoas que nada fizeram por São Carlos, pelo contrário, ditadores, países que nada contribuíram, nome de flores. Por que não de uma mulher que lutou?”, questionou.
A professora, porém, disse que vem tentando manter uma boa relação com a maioria dos colegas. “No primeiro momento a gente vai tentando levar, mas logo começam a surgir as farpas, como surgiu nesse momento. Mas com a maioria eu me dou bem, eu converso. Então quando eu pergunto por que fizeram aquilo, eles desconversam. Então eu vou mantendo uma distância em perguntar”.
Confira algumas curiosidades sobre a professora Neusa:
Um ídolo?
Mahatma Gandhi
Time do coração?
Palmeiras
Um livro de cabeceira?
Pássaros feridos, de Colleen McCullough
Estilo musical?
Rock e Pop
Em uma palavra, no seu mandato como vereadora não vai faltar?
Ouvir
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