BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse nesta segunda-feira (26) que a decisão de reduzir o intervalo recomendado da aplicação da segunda dose da Pfizer já é dada como certa e que a pasta avalia apenas qual o momento de orientar a mudança.
Com a medida, o intervalo deve passar de cerca de três meses para 21 dias. Mais cedo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ao jornal Folha de S.Paulo que é “muito provável” que a decisão ocorra nos próximos dias.
“Estamos só estudando para ver qual o melhor ‘timing’ disso, mas que vai diminuir, vai”, afirmou Cruz. Segundo ele, a pasta deve ouvir agora a Pfizer e representantes de secretários de saúde para decidir em que data isso deve ocorrer.
“Vamos conversar com o laboratório para ver qual o cenário do próximo mês de entrega das doses. Além da questão da epidemia, precisamos verificar o cenário de abastecimento”, disse.
Até lá, afirma, a recomendação da câmara técnica que assessora o Programa Nacional de Imunizações é de avançar na imunização com a primeira dose.
O prazo de 21 dias de intervalo entre as doses da Pfizer corresponde ao previsto em bula. O ministério, no entanto, decidiu ampliar esse prazo em maio na tentativa de acelerar a vacinação. A medida seguiu experiência adotada também em outros países.
“A câmara técnica já sinalizou que é interessante avançar em imunização em primeira dose, e só então, quando tiver um cenário mais tranquilo de imunizados com a primeira, reduzir o prazo para completar a imunização. Em termos de pandemia, se mostrou interessante imunizar um maior número de pessoas com a primeira dose, porque com isso diminuiria a transmissibilidade do vírus.”
“Vamos conversar então com o laboratório, com Conass e Conasems, e quando tivermos uma garantia e um cenário um pouco mais claro do cumprimento de doses do mês de agosto vamos informar a decisão”, completou.
Segundo ele, a previsão da pasta é que haja cerca de 63 milhões de doses disponíveis de vacinas em agosto destas, 33 milhões seriam da Pfizer, 20 milhões da Coronavac e 10 milhões da AstraZeneca/Fiocruz.
Mais cedo, a secretária de enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, afirmou que a previsão é que uma decisão seja tomada no próximo mês.
“Hoje o que nos preocupa é a variante delta. Já temos mais de 98 países na qual ela se encontra, e estudos mostram que qualquer vacina protege contra as formas graves da Covid. Então o norteador nosso é vacinar o máximo possível com a D1 [dose 1]. Provavelmente no próximo mês, com as perspectivas de vacinas que chegarão, teremos muitas vacinas, e então pensaremos em reduzir esse intervalo [da Pfizer].”
Ela descarta avaliar medida semelhante para a AstraZeneca, cujo prazo em bula hoje é de 4 a 12 semanas. “A AstraZeneca têm mostrado que quanto maior o intervalo de D1 e D2, melhor a formação de anticorpos neutralizantes. Por isso a única seria a Pfizer, onde inclusive isso [prazo de 21 dias] consta em bula”, diz.
Ao comentar sobre a preocupação em relação à variante delta, Melo afirmou ainda que a pasta deve disponibilizar doses extras de vacinas para cidades que ficam nas “faixas de fronteira”, ou seja, próximas a outros países, mas não na divisa direta.
Recentemente, segundo a pasta, já foram enviadas doses para 120 municípios que ficam na fronteira propriamente dita.
“Por que definimos vacinar linha de fronteira e faixa de fronteira? Por conta das variantes, para poder formar um cinturão”, disse Melo. Segundo ela, a pasta também avalia a possibilidade de enviar doses extras para locais com maior número de casos já identificados da delta.
As declarações ocorreram em coletiva de imprensa. No encontro, Melo disse ainda que a pasta não tem nenhuma recomendação até o momento para aplicação de uma possível terceira dose de nenhum imunizante. Segundo ela, a pasta avalia cenários para uma possível nova rodada de vacinação em 2022, mas o esquema ainda deve ser definido.