Diretoras mulheres alcançaram maior visibilidade na 76ª edição do Festival de Cannes. O evento começa nesta terça (16), prometendo a mais potente seleção que já teve desde a pandemia e com recorde de nomes femininos assinando as produções. Dos 21 longas, sete são dirigidos por mulheres, contando com nomes como a italiana Alice Rohrwacher, que dirigiu La Chimera, com a atriz Carol Duarte (de A Vida Invisível) em cena.
Destaque no festival de 2021, Julia Ducornau retorna ao evento para compor o júri. Na edição pandêmica, ela conquistou o posto de segunda mulher a ganhar a Palma de Ouro, por Titane, e compõe a comissão ao lado de Brie Larson e Maryam Touzani. Além das mulheres, também estão presentes Paul Dano, Denis Ménochet, Atiq Rahimi, Rungano Nyoni e Damián Szifron. Quem preside é o sueco Ruben Östlund.
Entre os grandes títulos da programação do festival, há o faroeste queer de Pedro Almodóvar falado em inglês; épico de Martin Scorsese (com Robert De Niro e Leonardo DiCaprio numa trama sobre extermínio indígena); o regresso de Indiana Jones, com homenagem a Harrison Ford; medalhões como Ken Loach e Wim Wenders de volta à competição; e a primeira superprodução com Johnny Depp desde a batalha judicial com sua ex, Amber Heard.
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O FESTIVAL
“Sei bem o valor que a liberdade estética deve ter”, disse Östlund ao Estadão, em março. O cearense Karim Aïnouz marca presença nos longas do festival, com Firebrand, disputando com Asteroid City, o novo de Wes Anderson, que traz Seu Jorge no elenco. Diretoras de diferentes gerações como Ramata-Toulaye Sy, Jessica Hausner, Justine Triet e Catherine Corsini, enfrentam nomes como Marco Bellocchio, Aki Kaurismäki e Nanni Moretti.
Após um longo hiato, haverá um documentário em competição, talvez pelo fato de filmes de não ficção terem conquistado o Leão de Ouro de Veneza (All The Beauty and The Bloodshed) e a mais recente Berlinale (Sur LAdamant). O representante nessa corrida é Jeunesse, do cultuado realizador chinês Wang Bing (de A Oeste dos Trilhos).
MEDALHÕES DA DIREÇÃO VOLTAM A CANNES
Na acirrada disputa, Ken Loach, de 86 anos, volta ao páreo com o que diz ser seu último longa. O inglês concorre com The Old Oak, sobre um bar que está para fechar as portas, abrigando em seu balcão uma série de beberrões que traduzem mazelas europeias. Já Nanni Moretti jura que veio para ganhar – ou se reinventar – com o musical Il Sol DellAvvenire. E Wim Wenders tem entrada dupla no festival deste ano. Fora de concurso, exibe o documentário Anselm (sobre o artista visual Anselm Kiefer) e, na mostra competitiva, com Perfect Days, rodado no Japão. Aliás, Hirokazu Kore-eda será um dos primeiros a concorrer, falando do processo educacional japonês em Monster.
Em seu primeiro dia, antes da projeção de Jeanne du Barry, estrelado e dirigido por Maïwenn, com Johnny Depp falando francês no papel de Luís XV, o ator e produtor Michael Douglas vai receber uma Palma de Ouro Honorária, pelo conjunto de seus sucessos.
“Enfrentei um câncer sem nunca arredar o pé das telas, tentando trabalhar sem jamais deixar minha família de lado, e com o exemplo de meu pai (o ator Kirk Douglas) para seguir em frente”, disse Douglas ao Estadão, em recente entrevista.
Quinta, 18, será o dia de a sessão de Indiana Jones e a Relíquia do Destino transformar o festival em um evento de Hollywood e assegurar a Cannes seu segundo tributo de 2023, agora a Harrison Ford, nos moldes do que se viu em 2019 com Sylvester Stallone e em 2022 com Tom Cruise.
ALMODÓVAR
Mas, antes, na quarta, o foco estará em Pedro Almodóvar e seus astros Pedro Pascal e Ethan Hawke, com a projeção do western Extraña Forma de Amar. É a segunda narrativa do espanhol em inglês, depois de A Voz Humana (2020), com Tilda Swinton, que, como o faroeste, é um curta.
No mesmo dia de Indiana Jones, o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho regressa à Croisette, quatro anos depois do Prêmio do Júri dado a Bacurau, para exibir o documentário Retratos Fantasmas. O longa pode dar a ele o troféu LOeil dOr (a Palma dos documentários), mesmo fora da disputa oficial. É um estudo documental que parte de fotos, sobretudo de salas de cinema, para propor um ensaio sobre a memória. “Palácios de cinema em centros de cidades são comuns a muitos outros lugares do mundo”, diz Kleber. “Mas ocorre que sou pernambucano, recifense, e parti desse mote para mostrar uma geografia da minha cidade de um ponto de vista pessoal.”
Na sexta, 19, com a sessão Cannes Classics, o festival volta a discutir memória sob a ótica brasileira. Nesse dia, a produtora Ivelise Ferreira presta homenagem a seu companheiro de vida com a projeção de Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema, dirigido junto com a professora e cineasta Aída Marques. É uma carta de amor ao diretor de Vidas Secas (1963), com registros de entrevistas e imagens de set.
Este promete ser o festival dos festivais. Afinal, Martin Scorsese retorna à maratona midiática que lhe deu uma Palma de Ouro (em 1976, por Táxi Driver) com Assassinos da Lua das Flores, no qual narra a origem do FBI a partir de um massacre indígena. É um convite ao Oscar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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