O baterista Josh Freese fez sua primeira apresentação no Brasil neste sábado (9), no The Town, em São Paulo. O artista da banda de rock Foo Fighters ocupa a cadeira de Taylor Hawkins, considerado um dos bateristas mais virtuosos do rock. Hawkins esteve no posto por 23 anos, entre 1997 e 2022, quando morreu nas vésperas do Lollapalooza.
Josh Freese é músico de estúdio, ele tem 50 anos e é filho de um maestro de uma banda da Disneylândia. Freese fez a abertura, às 23 horas em ponto, no The Town deste sábado. Na canção “The Pretender”, já era possível perceber uma espécie de reconexão com um tipo de festival que não existe mais, um rock and roll que parece perder a vez desde o surgimento de uma nova geração ligada ao rap e ao soul. Foo Fighters soa como uma redenção.
A raiva do “gente boa” Dave Grohl traz esse alento na introdução de No Son of Mine, e ao longo de sua imensa jornada, com uma parte devastadora feita por Freese quando ele ataca o bumbo com dois pedais tempestuosos. Mas, detalhe, por que a plateia estaria tão estática? Porque não estariam sentindo? Não, mas talvez porque estivessem todos com os celulares erguidos para o alto.
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Então, a noite se aquece numa memória pop de anos 90 onde nem tudo era quebradeira. Walk, Times Like These, Under You. Há um lugar que os filhos do grunge criaram e que só eles conseguem acessar. Um equilíbrio entre o doce e o grito, o melódico e o irascível, a transgressão e o mais absoluto conservadorismo. Logo depois de um riff com duas toneladas de pressão, Dave Grohl pode cantar uma melodia que faria sua filha dormir. Nada nesse mundo é muito linear.
Ele só fala com a plateia depois da quinta ou sexta música, e leva o show para outro lado com Times Like These, com uma bela entrada feita com teclado e voz. Tudo irá pelos ares a qualquer momento, a plateia percebe, assim que Freese implodir o romantismo de Grohl.
O espaço de pista do palco Skyline tem uma disposição ruim. Ele começa largo na beira do palco e passa a afunilar mais e mais, tornando os espaços mais distantes quase impossíveis de ser compartilhados. Sua lógica é inversa. Quem está mais longe do palco se aperta mais do que os que estão à frente. Na hora em que essa multidão precisa sair, o funil segura todo mundo.
Mas, ao contrário dos outros shows, ninguém parecia querer sair do Skyline enquanto Grohl estivesse ali. Freese teve todo o espaço de Hawkins e talvez até um pouco mais. Ao ser apresentado por Grohl, recebeu um longo aplauso, mais que os outros integrantes.
Era evidente que o estavam aprovando ao mesmo tempo em que aplaudiam também Taylor Hawkins. Só não foi mais comovente do que a homenagem a Hawkins, que seria feita por Grohl com Aurora
My Hero fez as pessoas cantarem juntas enquanto era possível, antes que chegassem coisas mais violentas como This Is a Call, The Sky Is a Neighborhood e Shame Shame. Já havia uma hora e meia de show, e a previsão era de mais nove músicas. Fechou com mais de duas horas de duração, a performance, até aqui, mais longa do festival.
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