14 de dezembro de 2024
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Tim Burton: São Paulo recebe a maior mostra de filmes do cineasta

Mostra acontece entre janeiro e fevereiro e promete trazer uma retrospectiva das obras do diretor

 

A mostra “O Cinema de Tim Burton” acontece de 25 de janeiro a 26 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. O evento promete trazer uma retrospectiva ampla da vida e das obras do diretor, além de atividades como debates, masterclasses e cosplay ao longo de todo o mês. 

De acordo com os organizadores, é esperado que sejam exibidos 23 títulos dirigidos por Burton, do primeiro curta, Vincent (1982), ao remake de Dumbo (2019). Entre as obras, o amante do cinema poderá também conferir filmes de grande sucesso como: Edward Mãos de Tesoura (1990), Batman: o Retorno (1992), Ed Wood (1994) e A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999), entre outros. 

Também estão no cardápio dezoito longas-metragens fundamentais para a trajetória cinematográfica do diretor, segundo ele próprio. Filmes como A Pequena Loja de Horrores (1960) e O Corvo (1963), de Roger Corman, Plano 9 do Espaço Sideral (1959), de Ed Wood, além do clássico O Gabinete do Dr. Caligari (1920), de Norbert Wiene, e do antológico A Noiva de Frankenstein (1935), de James Whale.  

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VISÃO DE MUNDO 

Com o tempo, seu talento foi se impondo, até ser considerado um “autor” por parte da crítica mais exigente. Quer dizer, alguém com visão de mundo particular, estilo de expressão único e reconhecível, artista a ser levado em conta mesmo em seus momentos menos felizes. Aliás, para os adeptos da teoria do autor, os que merecem essa denominação nobre não apresentam momentos menores – o público e a crítica convencional é que ainda não conseguiram enxergar o óbvio e valorizá-lo. 

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Deixando o fanatismo crítico de lado, deve-se reconhecer que a trajetória de Burton é mesmo coerente, marcada por escolhas pessoais e expressa sua visão de mundo. Trabalha com suas ideias fixas, por assim dizer, lembrando que, para Nelson Rodrigues, são as obsessões que garantem consistência a uma personalidade.
Elas estão presentes em Burton desde o primeiro curta, Vincent (1982), em que, em meros seis minutos, coloca em cena duas de suas referências principais: o escritor Edgar Allan Poe e o ator Vincent Price. O próprio Price faz a narração em off, e em versos. Trata-se da história tétrica de um garoto chamado Vincent Malloy, atormentado por ideias terríveis e recorrentes. 

Este foi o começo de uma obra marcada pela sensação de ausência, da falta, do sentimento do fantástico e da estranheza da experiência humana. 

BURTON E DEPP 

Por exemplo, em Edward Mãos de Tesoura (1990) – para muitos seu filme mais bem realizado. Início de sua colaboração com Johnny Depp (fizeram oito filmes juntos), traz a marca da incompletude. Edward é um ser criado por um inventor que falece antes de terminar sua obra. Edward ficou sem as mãos, substituídas por lâminas que tanto podem ser ameaçadoras como instrumentos de beleza, cortando cabelos e podando plantas com rara destreza. No entanto, a marca fundamental desse ser incompleto não poderia deixar de ser a solidão. 

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Em sua preferência pelos outsiders, Burton se interessa por um colega do passado, Ed Wood, e o transforma em seu ídolo. No entanto, Wood, em seu tempo, recebe o apodo de “pior cineasta do mundo”. Esse ser também solitário, discriminado e perseguido traz aquela lição surrada e sempre verdadeira, a de que não se deve renunciar aos sonhos, mesmo que ninguém acredite neles. Em seu caso, é a produção de filmes, mesmo em precária situação. 

De uma forma ou de outra, nos filmes de Burton encontraremos quase sempre essa opção pelos diferentes, pelos mais fracos e perseguidos, simpatia que é uma espécie de luz a equilibrar a vocação soturna do seu cinema. Um cinema estranho, vale dizer, que nos tira da zona de conforto, nos inspira e incomoda. Aliás, como um dia escreveu Freud, a estranheza pode ser um vigoroso estímulo para a nossa imaginação. 

TIM BURTON 

Hoje, Tim Burton é uma grife, um artista consagrado – recebeu em 2007 um Leão de Ouro do Festival de Veneza pelo conjunto da obra E São Paulo recebeu duas exposições em sua homenagem, no MIS (2016) e na Oca (2022). Mas, no começo, não havia muita gente que o levasse a sério. Parecia apenas um menino maluquinho, de talento inegável, porém com gosto duvidoso em suas escolhas e um tanto infantil em sua temática de eleição. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

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Anthony Teixeira
É jornalista e Analista de Mídias Digitais Jr. do Grupo EP. Tem experiência com reportagens multimídia e produção de web documentário. É formado em jornalismo pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e tem afinidade com produção e edição de conteúdo para as redes sociais. Está no grupo desde 2022.
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