No cenário empresarial contemporâneo, cada vez mais empresas estão adotando uma abordagem que considera não apenas os resultados financeiros, mas também os impactos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).
Este movimento reflete uma crescente conscientização sobre a necessidade de promover práticas sustentáveis e éticas em todos os setores, incluindo o mercado de Tecnologia da Informação (TI).
Além de dinâmico e inovador, este setor também se destaca, historicamente, como um ambiente inclusivo. Com muitas possibilidades de trabalho, possibilita que todas as pessoas possam se encaixar, reunindo assim profissionais com experiências, perspectivas e habilidades diversas. Esta responsabilidade social fortalece muito mais do que as operações do dia a dia: colabora com a sociedade como um todo.
Mais recentemente, com o aumento da automação e do uso de inteligência artificial, ferramentas podem ser desenvolvidas para melhorar questões de governança, garantir a transparência nos processos de tomada de decisão, evitar preconceitos algorítmicos, e ainda considerar o impacto ambiental.
Boas práticas de governança
A governança corporativa transparente é essencial para garantir a integridade e a responsabilidade da TI dentro de uma organização. Isso envolve a definição clara de papéis e responsabilidades, a adoção de políticas e procedimentos e a prestação de contas em todos os níveis da hierarquia organizacional.
Ao implementar boas práticas de governança corporativa, as organizações de TI podem promover a confiança dos stakeholders, reduzir o risco de condutas antiéticas e garantir a conformidade com regulamentações e padrões do setor.
Elas ainda são fundamentais para a gestão de riscos e a segurança da informação. Sistemas permitem o registro, armazenamento e disseminação dos conteúdos de forma rápida, precisa e confiável.
Isso inclui a implementação de plataformas de gestão de documentos, portais de transparência e relatórios online que permitem que stakeholders, como acionistas, clientes, funcionários e órgãos reguladores, acessem informações relevantes sobre a organização.
Assim como ajuda na divulgação aberta e acessível de informações relevantes sobre as atividades, decisões e desempenho da organização, a TI também ajuda a mitigar o risco de violações de segurança e garantir a continuidade dos negócios. Isso envolve a implementação de medidas de segurança robustas, evitando o vazamento de informações pessoais e orientações para o uso de forma ética e responsável de novas soluções, como a Inteligência Artificial (IA). Para isto, ferramentas como firewalls, criptografia de dados e sistemas de detecção de intrusos são utilizados.
Porém, para que tudo isso funcione de maneira eficaz, é preciso conscientizar os colaboradores sobre as medidas tomadas. A responsabilidade social corporativa é uma parte essencial da cultura organizacional de sucesso.
Responsável por envolver todos com o compromisso de contribuir positivamente, faz com que a empresa demonstre sua responsabilidade social corporativa por meio de iniciativas como doações para organizações de caridade, programas de voluntariado corporativo, projetos de educação e capacitação em tecnologia para comunidades carentes, e a promoção de práticas comerciais éticas em toda a cadeia de suprimentos.
Eficiência e gestão
A preocupação com a preservação do meio ambiente tornou-se uma prioridade global. Com as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e outros desafios ambientais em destaque, a sociedade está buscando soluções inovadoras para enfrentar esses problemas. A TI, sem dúvidas, é capaz de impulsionar a sustentabilidade e promover práticas amigáveis ao meio ambiente, com a adoção de tecnologias e práticas eco-friendly.
O monitoramento e análise ambiental em larga escala, com o uso de sensores remotos, sistemas de informação geográfica (GIS) e Big Data, são ferramentas essenciais para analisar dados sobre o clima, qualidade do ar, condições do solo, níveis de poluição e muito mais.
O tratamento destes possibilita uma compreensão mais precisa dos padrões ambientais, ajudando na identificação de áreas de preocupação e na formulação de estratégias de conservação.
A Internet das Coisas (IoT) ainda desempenha um papel fundamental na promoção da eficiência energética e na redução das emissões de gases de efeito estufa. Com a criação de redes inteligentes é possível monitorar e otimizar o consumo de energia em edifícios, fábricas e infraestrutura urbana.
Algoritmos avançados de análise de dados também são capazes de identificar padrões de uso de energia e sugerir medidas para reduzir o desperdício e aumentar a eficiência.
Por meio da virtualização e da computação em nuvem, as empresas podem consolidar servidores e reduzir o consumo de energia associado a data centers, enquanto a adoção de tecnologias de energia renovável é facilitada pelo uso de sistemas de TI para monitoramento e controle.
A otimização de recursos naturais ainda serve para a agricultura. Sensores de solo, drones agrícolas permitem um melhor uso de água e fertilizantes, reduzindo o desperdício.
Fortalecimento das instituições
Ao reunir indivíduos com distintas origens culturais, étnicas e de gênero, as organizações adquirem uma ampla gama de perspectivas e concepções únicas. Uma pesquisa da McKinsey & Company feita em 2018 mostrou que companhias com variedade ou mistura de etnias têm probabilidade 33% maior de superar seus pares em termos de lucratividade.
Além disso, empresas do quartil superior em diversidade de gênero nas equipes executivas tinham uma probabilidade 21% maior de ter margem EBIT superior à de seus pares do quartil inferior.
A diversidade étnica e de gênero nas empresas transcende a mera conformidade com demandas contemporâneas; é um fator comprovadamente relacionado com ganhos financeiros e com o fortalecimento das instituições.
A coexistência de diferentes perspectivas, todas trabalhando em direção a um mesmo propósito, promove um ambiente corporativo mais enriquecedor e reflexivo, consolidando a identidade corporativa e contribuindo para melhorias na sociedade.
A comunidade, por sua vez, demonstra uma crescente consciência em relação à luta por uma justiça mais equitativa, como indicado por um estudo conduzido pela FleishmanHillard, em 2021.
Os resultados revelam que 8 em cada 10 indivíduos esperam que as empresas se comprometam ativamente com a promoção da diversidade, equidade e inclusão no ambiente de trabalho.
Além disso, houve um significativo aumento no número de consumidores que identificaram a violência contra mulheres como uma questão crucial na qual as empresas devem estar envolvidas na solução: esse percentual mais que dobrou, passando de 33% em 2019 para 70% em 2021.
No entanto, não apenas falar e pregar a diversidade e inclusão. As empresas que buscam melhorias precisam colher dados, entender as pessoas que estão nela e sempre buscar ações que beneficiem a todos.
A realização de pesquisas focadas em analisar a ‘população’ que ali trabalha diariamente é um passo determinante nesta caminhada. Um bom exemplo disto é a CTC, que faz constantes levantamentos com seus colaboradores e, recentemente, realizou um grande censo, observando faixa etária, identidade racial, sexo biológico, identidade de gênero e o percentual de pessoas com deficiência.
Relação indissociável
Adotar boas práticas de ESG ajuda na captação e na retenção de talentos, cada vez mais preocupados com essas questões, e a ganhar a confiança dos clientes, investidores e outras partes interessadas.
Porém, muito mais do que apenas isto, o setor de TI colabora com melhorias na sociedade, na cultura das empresas e ajuda muito nas questões de sustentabilidade, tão essenciais atualmente.
Caminhamos para um futuro mais sustentável e inclusivo, e as empresas de TI devem se posicionar para liderar a transição rumo a uma economia mais justa, equitativa e sustentável.
Por Válter Lima, CEO da CTC | Itshow