A tecnologia e a digitalização alteraram a forma como os pacientes interagem com os serviços de saúde. Especialmente nos últimos anos, com a popularização dessas ferramentas, as pessoas estão buscando informações, vendo os resultados de exames e até acompanhando o tratamento de forma digital e remota. Mas ainda há muito espaço para melhorias.
A digitalização irá moldar o presente e o futuro da saúde. Ela garante mais sofisticação para a jornada do paciente, desde aprimoração no atendimento até garantir diagnósticos mais rápidos e precisos, claro, sem esquecer os cuidados durante todo esse processo. Por isso, clínicas, hospitais e laboratórios se atentam cada vez mais para buscar melhorias no conjunto de serviços digitais que se pode oferecer.
Mais do que isso: quando o paciente vive uma experiência positiva, a adesão ao tratamento é maior, os resultados clínicos são aprimorados e o uso desnecessário de serviços de saúde é reduzido. Em outras palavras, a jornada do paciente é crucial para o sucesso do tratamento e para fortalecer a relação com o especialista.
Autoeducação na saúde
O fácil acesso à internet e a variedade de recursos disponíveis faz com que, atualmente, a maioria das pessoas sempre busque a primeira informação em uma pesquisa online. Sintomas, condições médicas e opções de tratamento por conta própria são facilmente disponibilizados, através de diversas fontes de informações em websites de saúde, fóruns online e mídias sociais.
No entanto, é preciso ter muito cuidado com essas informações. Além da possibilidade de que não sejam verdadeiras, elas são feitas de forma genérica e podem não representar efetivamente a resposta correta para todos. Essa busca deve ser acompanhada de discernimento e orientação profissional, pois nunca devem substituir o diagnóstico e o tratamento fornecidos por especialistas.
O acesso a informações online, além de indicar uma preocupação maior com a saúde, está empoderando a busca de conhecimento sobre as condições e tornando a relação médico-paciente mais colaborativa. Todavia, a procura indevida pode acarretar dois problemas: o paciente passa a acreditar que tem uma série de problemas que não existem, aumentando indevidamente a busca por suporte médico, ou minimizando o impacto de sua doença, procurando o suporte médico apenas doença já está em estágio mais avançado.
Acesso aos cuidados
Plataformas de agendamento online, aplicativos móveis e portais do paciente já permitem, por exemplo, agendar consultas ou procedimentos, verificar a disponibilidade de médicos, fazer o check-in antecipado, conferir a elegibilidade e até mesmo realizar consultas virtuais, eliminando a necessidade de esperas prolongadas ao telefone ou pessoalmente. Com a adoção de interfaces intuitivas e fáceis de usar, fornecem uma experiência ágil, agradável aos pacientes e acompanhantes.
Personalização
Por mais que, neste momento, já haja uma melhoria significativa no modelo de atendimento, ainda estamos em uma esfera muito rasa. Basicamente, fala-se muito em evitar filas para o paciente, agilizar processos de onboarding, acelerar catálogos, projetos e formulários, mas pouco se comenta sobre a jornada de paciente na questão do diagnóstico.
A digitalização dos registros médicos e a adoção de sistemas de gerenciamento de prontuários eletrônicos permitem uma integração mais eficiente e segura das informações, garantindo que os médicos tenham acesso rápido ao histórico médico e aos resultados dos exames. Além disso, os avanços em tecnologia permitem uma abordagem mais personalizada no atendimento ao paciente, com o desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial que auxiliam os médicos no diagnóstico e no desenvolvimento de planos de tratamento individualizados.
Monitoramento Remoto na saúde
Dispositivos como monitores de glicose e pressão arterial, vestíveis que monitoram a atividade física (como relógios inteligentes) e aplicativos de saúde já permitem que equipes médicas monitorem e gerenciem proativamente a saúde dos pacientes. As tecnologias portáteis complementam uma jornada que pode ser totalmente digitalizada, dando flexibilidade ao paciente, que pode ter a comodidade de ser acompanhado de maneira efetiva a distância.
A adoção da telemedicina permite a assistência médica à distância, com a interação eficiente de médicos e pacientes, mesmo estando em locais distintos. Consultas, atestados, prescrições e até laudos dos exames são feitos de forma online e enviados diretamente à farmácia escolhida pelo paciente, minimizando erros e garantindo uma economia significativa, tanto aos pacientes quanto aos prestadores de serviços de saúde.
Na prática
Será que esses avanços estão realmente contribuindo para que o paciente se torne mais saudável? Até o momento presente, há uma grande preocupação quanto ao feeling e pouco se pensa no diagnóstico do paciente. Ele fica mais confortável, tem um acesso mais rápido aos dados, mas o quanto, efetivamente, essas tecnologias estão sendo bem aplicadas?
A maioria das tecnologias atuais tratam do bem-estar, porém a jornada do paciente vai desde o princípio de quando surge um sintoma ou uma doença até o momento de alta. No Brasil, ainda parece supérfluo falar de jornada, no entanto, é preciso caminhar um pouco mais na discussão sobre a necessidade de incluir questões mais importantes e fundamentais para aperfeiçoar o tratamento.
Em linhas gerais, o nível de atendimento nas instituições de saúde brasileiras é excelente. As salas são bem equipadas, disponibilizam internet, TV e música clássica e oferecem benefícios para quem passou por exames, como o café da manhã. O nível tecnológico dos equipamentos também é excelente. Entretanto, até pouco tempo atrás, a tecnologia ficava estagnada no segmento diagnóstico, sendo precária em outros aspectos, como os prontuários em papel, por exemplo.
A disrupção trouxe muitas oportunidades de avanços tecnológicos que ainda são mal administrados. Não se entendeu como é possível estruturar esses processos evitando a burocratização e uma automatização de métodos que não funcionam. A verdadeira transformação acontecerá quando se olhar para a tríade entre pessoas, processos e tecnologia e, a partir daí, se extrair o melhor.
A jornada digital do paciente não é apenas sobre facilitar o acesso ou tornar o atendimento mais confortável, mas sobre garantir que cada passo dessa jornada contribua para um diagnóstico mais rápido, um tratamento mais eficaz e, finalmente, uma recuperação mais rápida e saudável. O futuro da saúde está na harmonização dessas tecnologias com práticas clínicas de excelência, proporcionando uma experiência integral e centrada no paciente.
Por Valter Lima, CEO da CTC | Itshow